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"Soldado de Deus", rival de Lyoto abandonou Cuba para se profissionalizar

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

26/06/2015 06h00

Rival de Lyoto Machida na luta principal do UFC deste sábado (27), que acontecerá na Flórida, nos Estados Unidos, Yoel Romero poderia ter tido uma carreira diferente se tivesse decidido continuar em Cuba, seu país de origem.

Governada por um regime socialista, Cuba se coloca contra o modelo de clubes profissionais, o que faz com que os atletas que lá vivem, continuem no amadorismo. O caso mais famoso é do boxeador Teófilo Stevenson, considerado por muitos um dos maiores da história do esporte. Por fidelidade ao sistema do país, ele nunca aceitou se profissionalizar.

O mesmo, no entanto, não aconteceu com Yoel Romero. Medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, e ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, o lutador de wrestling deixou o país em 2007 para competir no Grand Prix da Alemanha, e por lá ficou. No país europeu, ingressou profissionalmente no MMA em 2009.

No período em que Romero se profissionalizou, Cuba tinha a política de virar as costas para os desertores. A política, no entanto, mudou em 2013, em resposta ao crescente número de deserções. A partir daí, o país passou a liberar que atletas se profissionalizassem em ligas do exterior e ainda assim competissem pelo país.

Desses esportistas, é cobrada uma taxa sobre o lucro nos esportes, que vai para um fundo destinado a aumentar o valor mensal pago pelo governo aos atletas que continuam no país.

Em entrevista ao UOL Esporte, o lutador cubano preferiu não emitir opinião sobre a posição de Cuba quanto à profissionalização. “Prefiro não tomar nenhuma posição política sobre isso. Tudo que está acontecendo hoje é por conta de Deus”, afirmou.

As referências religiosas, inclusive, são constantes na fala de Romero. Com apelido de “Soldado de Deus”, o cubano não esconde sua fé e, em entrevista ao UFC, elegeu Jesus Cristo como seu herói.

Formando em Ciências do Esporte, Yoel Romero fez apenas 10 lutas no MMA desde quando começou a lutar profissionalmente. Depois de quatro vitórias consecutivas em eventos menores, ingressou no Strikeforce, onde foi derrotado pelo brasileiro Rafael Cavalcante no único combate que fez pela organização, comprada pelo UFC.

Na empresa de Dana White, Romero deixou para trás a única derrota da carreira e emplacou uma incrível sequência de cinco vitórias. Além disso, foram três prêmios na organização: “Nocaute da Noite”, contra Clifford Starks, e dois “Luta da Noite”, contra Derek Brunson e Tim Kennedy.

As boas exibições o fizeram ser cotado para lutar pelo cinturão dos médios do UFC contra Chris Weidman, mas Luke Rockhold acabou sendo escolhido em seu lugar. “Faz parte dos planos de Deus, e tudo que ele planeja é bom”.

Na sexta colocação do ranking dos médios do UFC, Yoel Romero terá a chance de subir muitos degraus na divisão caso vença Lyoto Machida, atual quarto colocado. “Machida tem um estilo muito apurado. Mas não precisei treinar nada diferente por causa do estilo dele. Se você é lutador de MMA, precisa treinar tudo”, explicou.