Topo

MMA


Cigano faz 1ª luta sem seu mestre e cutuca Overeem: tem que segurar a bomba

Dos Anjos faz 1ª defesa de cinturão em revanche apimentada

UOL Esporte

Rodrigo Garcia

Do UOL, em São Paulo

18/12/2015 06h00

Um dos confrontos mais aguardados pelos fãs de MMA finalmente irá acontecer. Após anos de trocas de farpas, Junior Cigano e o holandês Alistair Overeem irão medir forças no octógono do UFC no próximo sábado (19). Mas, não é a oportunidade de derrotar um desafeto antigo que motiva o ex-campeão: a possibilidade de lutar pelo cinturão dos pesados e a consolidação de um trabalho estão acima de qualquer rivalidade pessoal.

Pela primeira vez desde que começou sua carreira como atleta profissional de MMA, em 2006, Junior Cigano não terá o treinador Luiz Dórea, seu professor de boxe e mentor, em seu corner. Após mudar-se para os Estados Unidos para treinar na American Top Team, academia nos Estados Unidos liderada pelo brasileiro Ricardo Libório, Cigano conta, em entrevista ao UOL Esporte, que evoluiu bastante seu jogo de wrestling e jiu-jitsu, mas que sentiu falta dos trabalhos feitos por Dórea.
 
“Treinei muitas coisas diferentes, a metodologia de treino, a planificação deles é diferente do que sempre fiz. Tenho me adaptado muito bem. Tive alguns ganhos, mas tive coisas que senti falta. Não pude trazer o Dórea, que trabalha muito meu boxe. É uma coisa que talvez o pessoal diga que já é conhecido demais em mim, mas não me importa. Mesmo que conheçam, tenho técnica suficiente para buscar o nocaute de quem diz conhecer”, declarou o ex-campeão, que ainda acrescentou.
“Sempre tive o Dórea comigo, esta vai ser minha primeira vez desde que entrei no UFC que lutarei sem ele. Mas temos feito um bom trabalho aqui e estou adquirindo confiança. Eu e Dórea conversamos e ele sempre vai estar comigo, independente de estar no meu corner ou não. Tenho certeza que, aos poucos, a gente vai organizando tudo”, salientou Cigano.
 
Anos difíceis causam “frio na barriga” do ex-campeão
 
Os últimos anos não foram tão bons para Cigano. Desde que perdeu a disputa de cinturão para Cain Velásquez, em 19 de outubro de 2013, o lutador fez apenas mais uma luta pela organização: contra Stipe Miocic, em 13 de dezembro de 2014. Com média de uma luta por ano, ele admite ter enfrentado um período complicado em sua carreira e que está com aquele “friozinho na barriga” antes do confronto com Overeem.
 
“Se manter constante, competindo, é melhor. Agora, por exemplo, estou sentindo o ritmo depois desse tempo parado. Eu já tinha ficado um ano sem lutar, então lutei machucado contra o Miocic, após a vitória passei por cirurgias (no nariz e no joelho direito) e fiquei mais um ano parado. Foram anos complicados para mim. Influencia negativamente, mas tenho feito meu melhor para me manter em dia. A equipe está me ajudando bastante, mas é sempre melhor se manter constante e competindo, porque agora eu sinto aquele friozinho na barriga, como era no início, e faz tempo que não sentia isso. Mas é bom, é um sinal que te deixa alerta, desperto durante a luta”, relatou Cigano.
 
O lutador ainda salientou não sentir nenhum gosto especial em enfrentar o holandês. Para Cigano, o rival é “apenas mais um oponente”. E, apesar de ressaltar a evolução na luta agarrada, o ex-campeão não pensa em levar a luta para o chão para evitar as mãos pesadas do rival.
 
“Vou buscar sempre lutar em pé, sendo eficiente com meu boxe e tentando nocautear. Caso a luta vá para o chão, estou bem preparado e quem sabe poderá ser a minha primeira finalização no UFC. Mas eu não sinto necessidade (de finalizar), eu gosto de buscar o nocaute. A sensação de quando se está nocauteando o adversário, quase chegando lá, é incrível, e eu sempre busco por isso”, relatou Cigano, que quer a vitória para enfrentar o vencedor de Werdum e Cain Velásquez.
 
Cigano rejeita rótulo de “porteiro” e quer luta por cinturão
 
O ex-campeão ainda esbanja bom humor ao comentar sua atual situação dentro da organização. Como precisou ficar um longo tempo afastado por conta das lesões, Cigano acabou trabalhando como comentarista da Rede Globo em transmissões do UFC. Mas, apesar de destacar que tem evoluído na função, o catarinense ressalta que ainda se sente mais confortável atuando dentro do octógono. E, se descarta a preferência pela televisão, o lutador também fez questão de descartar o rótulo de “porteiro” da categoria. 
 
“O Ben Rothwell está vindo de boas vitórias, já pediu para lutar comigo, então estou me sentindo como o porteiro de entrada (da categoria) para quem quer buscar o cinturão, como é neste caso do Alistair Overeem. Tem que se ter cuidado com o que está pedindo. O Alistair pediu isso, conseguiu, e agora vai ter que segurar a bomba dele lá (no octógono)”, brincou o ex-campeão, que ainda cobrou uma chance pelo cinturão para refutar o rótulo de “porteiro”.
 
“É uma categoria que tem trazido grandes lutas para os fãs de MMA e está cada vez mais interessante este joguinho entre eu, Werdum e Velásquez (pelo cinturão). Eu e Velásquez lutamos três vezes e mal posso esperar pela quarta luta. Os fãs estão esperando por isso ou por uma luta contra Werdum”, avaliou Cigano.
 
Por fim, o ex-campeão declarou que não tem preferência entre enfrentar Werdum ou Velásquez. Entretanto, Cigano salientou a postura “estranha” de Velásquez diante do compatriota em seu último confronto para projetar quem será seu próximo rival.
 
“O que aconteceu no México, o Werdum sendo campeão, foi mérito dele, ele lutou muito bem, mas o Velásquez se apresentou estranho. Um cara que não cansa já estava morto no primeiro round. Vou olhar a luta com bastante atenção para capitalizar o jogo dos dois e estar preparado para lutar pelo cinturão, que é meu objetivo. Acho que, Velásquez colocando a performance que sempre colocou, será uma luta mais difícil pro Werdum”, concluiu o ex-campeão.