Da Olimpíada ao MMA: como o "banguela" Dan Henderson aposentou reverenciado
Um dos mais "cascas-grossas" de todos os tempos. É assim que Dan Henderson será lembrado pelos fãs de MMA. Mesmo sem conquistar o tão sonhado cinturão do UFC no último sábado, quando saiu derrotado para Michael Bisping, Hendo alcançou um patamar que poucos chegaram e que até mesmo conseguirão atingir dentro das artes marciais mistas. Dono de um queixo duro e a famosa “bomba H”, o norte-americano lutou até os 46 anos de idade, venceu lendas do esporte, colecionou títulos e ainda possuis boas histórias fora do octógono, como as de ter perdido os dentes da frente em um treinamento.
PAIXÃO PELO WRESTLING
Apesar de nascer em Downey, pequena cidade californiana localizada a 600 km da capital, foi em Apple Valley que Henderson cresceu e começou a praticar o wrestling (luta greco-romana), esporte que dominou até os 27 anos. Além de medalhas em campeonatos regionais, estaduais e nacionais, ele ainda conquistou um bronze no Pan-Americano de 1995, em Mar del Plata (ARG), e fez parte da equipe norte-americana em duas edições das Olimpíadas: Barcelona-1992 e Atlanta-1996, quando terminou no 10º e 12º lugar, respectivamente.
CHEGADA AO MMA
Apesar de ser considerado uma das lendas das artes marciais mistas, Hendo começou a praticar tarde o esporte. Depois de sua última participação (e frustração) olímpica, ele decidiu respirar novos ares e, em 1997, já com 27 anos, começou a treinar MMA junto com Randy Couture, também considerado um dos melhores de todos os tempos.
“Eu comecei a treinar MMA apenas duas semanas antes da minha primeira luta. Randy Couture me ligou dizendo que ele estava indo participar de uma competição no Brasil e que, além dos pesos-pesados, eles tinham uma categoria de pesos-leves (até 70,3 kg). Além disso, sabia que outros lutadores de wrestling estariam por lá para tentar arrumar alguns caras e começar uma equipe chamada RAW Team”, conta Hendo.
ESTREIA NO BRASIL
No Brazil Open ’97, realizado em São Paulo, Henderson precisou de pouco menos de seis minutos para vencer duas lutas e ser declarado campeão do torneio. Na primeira luta, enfrentou o brasileiro Crezio de Souza, que teve a “honra” de ser o primeiro lutador a sentir o poder da “bomba H”, sendo nocauteado com 5min25 do primeiro round. Na decisão, duelou com o compatriota Eric Smith, que acabou finalizado com uma guilhotina com apenas 30 segundos de combate. Nascia uma lenda.
Apesar de fazer parecer fácil, Hendo assume o frio na barriga. “Eu estava apenas treinando com alguns caras da academia, me preparando para a competição. Quando entrei, eles fecharam o cage e estava apenas eu, meu adversário e o árbitro, pensei: 'Que droga'”.
Ele ainda contou que os brasileiros não gostaram muito de sua primeira vitória e que até ficou com medo algum tipo de reação dos torcedores. "Foi divertido, mas, ao mesmo tempo, estava um pouco nervoso. Eu tinha apenas duas semanas de treinamento e experiência com MMA. Eu era apenas um wrestler basicamente. Por sorte, a altura das grades do cage tinham por volta de 10 metros, então nenhum deles tentou escalar para me pegar”, brincou ao recordar da estreia para sites americanos.
RIVAIS LENDÁRIOS E COLEÇÃO DE CINTURÕES
Dan Henderson era conhecido por não fugir de uma luta e, durante os quase 20 anos de carreira dentro do MMA, teve a oportunidade de enfrentar grandes nomes da história do esporte. É bem verdade que não conseguiu vencer todas, como, por exemplo, para Anderson Silva e Lyoto Machida, mas teve sucesso contra Minotauro, Wanderlei Silva, Fedor Emelianenko, Maurício Shogun e Vitor Belfort (apesar de perder outras vezes) e outros. Encerrou a carreira com 32 vitórias e 15 derrotas.
As conquistas também não foram poucas: foi soberano em seis competições. Além do título do Brazil Open ’97, já contado aqui, também levou o torneio dos pesos-médios (até 83,9 kg) do UFC 17 e do Rings: King of Kings 1999. Cinturões foram três: dos médios e meio-pesados (93 kg) do Pride e dos meio-pesados do Strikeforce. Com os títulos no Japão, se tornou o primeiro lutador a manter simultaneamente títulos em duas categorias de peso diferentes em uma grande organização de MMA.
QUEIXO DE PEDRA E "BOMBA H"
Dan Henderson também ficará marcado por ter um dos queixos mais duros da história do MMA. Apesar de titubear algumas vezes dentro do octógono, Hendo era considerado um lutador praticamente impossível de se nocautear.
De suas 15 derrotas no esporte, em apenas três oportunidades ele foi nocauteado, isso já em 2013, na sua 40ª luta de artes marciais mistas. O responsável por tal feito foi Vitor Belfort, em uma atuação brutal contra o norte-americano em um evento do UFC realizado em Goiânia. Antes disso, possuía dez revezes, sendo sete por decisão dos juízes e três por finalização.
Hendo possuía outra característica que formava uma combinação perfeita com seu queixo de pedra: uma potência absurda nos socos, que inevitavelmente ficou conhecida como “Bomba H”. Para se ter ideia, metade das suas 32 vitórias foram conquistadas por nocaute, sendo ele direto ou técnico. Suas maiores vítimas foram Tim Boetsch, Maurício Shogun (duas vezes), Michael Bisping, Wanderlei Silva e Fedor Emelianenko. As duas últimas são consideradas por ele mesmo como os maiores de sua carreira.
POLÊMICA DO TRT
Famoso no Brasil graças a Vitor Belfort, o norte-americano não só foi um usuário assíduo do tratamento como também o fez por muito mais tempo que o brasileiro. Hendo teve o procedimento aprovado ainda em 2007, enquanto o "Fenômeno" pôde usar regularmente somente a partir de 2012. Apesar de ser considerada polêmica, a terapia era permitida aos lutadores e só foi proibida pela Comissão Atlética de Nevada em fevereiro de 2014.
"BANGUELA"? HISTÓRIA DOS DENTES É FAMOSA
Como já falamos no início, Dan Henderson também é conhecido por algumas histórias além do octógono. Uma das mais famosas é sobre sua arcada dentária. Hendo já perdeu quatro de seus dentes frontais, em um treino (nada leve) com a lenda Randy Couture, quando treinavam juntos na Team Quest.
Em função disso, Hendo teve que implantar quatro dentes artificiais em sua boca como reparo. Ele, inclusive, já foi visto em imagens sem o implante em alguns momentos e hoje fala tranquilamente sobre o problema, sem nenhum tipo de trauma.
BRIGA NA RUA: VERDADE OU MITO?
Outra história que vire e mexe é lembrada pelos fãs de MMA é de uma possível briga de rua envolvendo Dan Henderson e Randy Couture. Antes do fato, vale lembrar que o ano era 1995 e que nenhum dos dois eram profissionais das artes marciais mistas.
Segundo relatos, após saírem de um bar em Atlanta, nos Estados Unidos, Randy empurrou (de brincadeira) Hendo em um carro estacionado. Cinco seguranças próximos do local, aparentemente, não gostaram da brincadeira e começaram a falar besteira para os futuros lutadores. Um deles estava com um taco de beisebol na mão e foi o suficiente para provocar Randy, que tomou conta de dois, enquanto Henderson ficou com os outros três. Relatos dão conta de que a briga não durou mais que um minuto e meio.
Dan Henderson falou apenas uma vez "abertamente" sobre a história. "Isso pode ser verdade", disse Hendo com seu tradicional sorriso à Fox Sports dos Estados Unidos. "Isso pode ter acontecido. Randy esbarrou em um carro estacionado e alguns seguranças vieram falando besteira para ele, claramente tentando iniciar uma briga. Isso me irritou muito, já que eles são os caras que precisam evitar as brigas, não começa-las. Eu não tenho certeza do que aconteceu depois disso. Só sei que Randy voltou lá na noite seguinte, não percebendo que era o mesmo lugar que estávamos. Acabou expulso”.
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