Gracie brilha após confusão do Bellator e vira esperança da família no MMA
A família Gracie conta com mais um representante nas artes marciais mistas. Depois de Roger, Ryan e Kron, Neiman aparece como a grande esperança da nova geração da famosa família de lutadores, moldada pela jiu-jitsu. No último mês, ele aproveitou uma trapalhada do Bellator para brilhar no evento mais importante da história da organização, se manter invicto e dar seu cartão de boas-vindas para os fãs do esporte.
Neiman, 28 anos, é filho de Carla Gracie, irmã mais velha de Renzo, dono de uma das melhores academias de jiu-jitsu de Nova York, e estava escalado para fazer a penúltima luta do card que seria transmitido na televisão aberta dos Estados Unidos (SpikeTV), já que o Bellator 180 foi o primeiro evento da organização a ser realizado no formato de pay-per-view – e ainda aconteceu no lendário Madison Square Garden.
O Bellator, no entanto, se atrapalhou com os horários, "“derrubando" a luta de Neiman em duas oportunidades, quando ele estava pronto para sair do vestiário rumo ao cage. As indefinições, apesar de criarem certa ansiedade, acabaram sendo melhores para Neiman, que teve a oportunidade de entrar como segunda luta mais importante da noite, uma antes do combate entre Chael Sonnen e Wanderlei Silva.
"Como tinham me dito, eu iria lutar na penúltima luta da SpikeTV, e estava lá esperando. Estava no mesmo vestiário de James Gallagher. Quando ele saiu para sua luta, comecei a me aquecer. Estava quase pronto para luta, mas o pessoal chegou para mim e falou que não ia dar para eu lutar naquele momento, porque acreditavam que Davis x Bader iria durar cinco rounds, ou seja, não daria tempo da televisão passar a minha luta e a deles. Então, falaram que me colocariam no pay-per-view", contou Neiman em entrevista ao UOL Esporte.
"Eu fiquei amarradão, o único problema é que já estava pronto para lutar naquele momento e não sabia em que momento eu ia lutar no pay-per-view. A princípio, era para ser a segunda luta. Fiquei esperando a hora... Aconteceu a primeira luta, me aqueci de novo, fiquei pronto para lutar, tudo certo... Aí eles entraram de novo no vestiário e falaram que não seria naquele momento, que poderia ser depois do Fedor. Aí começou a ficar complicado, né? Já não sabia direito que horas eu ia lutar, se ia lutar...", acrescentou o brasileiro.
A ansiedade já havia tomado conta de Neiman, mas palavras do tio Renzo surgiram para tranquilizar aquele momento. “É como o Renzo fala para mim: a gente está ali para lutar, a gente luta até no bar da esquina se for preciso. Então, aqueci pela terceira vez. E deu tudo certo. A luta do Fedor foi muito rápida e acabou sendo maravilhoso. Lutei no segundo melhor momento da noite, estádio lotado, amigos, família, todo mundo lá. Não poderia ter sido melhor”.
Não mesmo. Contra Dave Marfone, o brasileiro fez jus ao sobrenome e venceu no segundo round por finalização, sua quinta em seis lutas na carreira profissional - venceu uma por decisão unânime. Seu desempenho lhe rendeu elogios do primo Royce Gracie, primeiro campeão do UFC, Hall da Fama da organização e hoje embaixador do Bellator.
"As coisas acontecem por uma razão. Ele iria lutar no card preliminar e acabou virando a segunda luta mais importante da noite. Ele faz uma luta direitinha, gosto muito do estilo dele, não se apavora, não tem pressa, é muito tranquilo... Ele cresce a cada luta, sou fã dele. Tem tudo para ser campeão", analisou Royce em contato com a reportagem.
E o bate-papo com o UOL Esporte, não parou por aí. Neiman contou sua relação com o primo mais famoso, como é crescer sendo um Gracie, em que situação chegou em Nova York, sobre sua transição do jiu-jitsu para o MMA, treinos com Renzo e até mesmo a vontade (ou não) de um dia lutar pelo UFC. Confira!
FAMÍLIA GRACIE
"Sou filho da Carla Gracie, que é a irmã mais velha do Renzo. Minha mãe é a mais velha de 11 irmãos. Cresci a vida inteira ouvindo as histórias dos meus tios... Mas minha ligação com a luta não vem só pelo lado Gracie... Meu pai, por exemplo, é faixa-coral hoje. O jiu-jitsu sempre esteve presente na minha vida, nem lembro quando comecei. Quando criança, peguei a época do Royce arrebentando no UFC. Só se falava disso na escola... O pessoal sabia que eu era da família e todo mundo queria me desafiar... tive muitas brigas na escola, mas foi legal para caramba (risos)".
RELAÇÃO COM ROYCE
"A relação com o Royce é muito legal. Sempre fui fã dele, tinha pôster no quarto e tudo mais. Minha mãe via aquilo e, um dia, ligou para ele. Contou que eu era fã e tudo mais. Um dia me chamou na sala de casa: 'telefone para você'. Aí pensei, 'telefone para mim? Sou criança, ninguém me liga'. Atendi e era o Royce, perguntou como eu estava... Aquilo fez meu dia, ele ter me dado atenção. Então, quando ele veio para o Brasil, ele me pegou em casa, me levou para o vale do mestre Hélio Gracie. Foi legal pra caramba. Fez meu sonho. Imagina, seu super-herói te buscar em casa e te levar para dar um a volta? Desde então mantemos contato, ele me dá dicas antes das lutas, é muito legal".
COMO CHEGOU EM NOVA YORK
"Estou em Nova York há quase 10 anos. Morava no Rio e treinava na Gracie Barra, treinando bem. Um tio meu veio me visitar, quando eu estava com 18 anos... Ele gostou, me elogiou.. Ele tinha acabado de se mudar para os EUA.. E me perguntou: 'rapá, tu tem visto?', daquele jeito dele. Falei que tinha, então ele me convidou para passar um tempo lá, na Califórnia. Fiquei seis meses, até que meu pai se mudou para Connecticut, e fui ajudar na academia dele, que estava começando com quatro alunos. Foi difícil no começo, sem muito aluno. Eu precisava de mais treino... Foi quando fui para Nova York e comecei a treinar com o Renzo, que me ajudou muito com tudo. Acho que vim parar no lugar certo, né? Acredito que o Renzo é o cara na família que é mais próximo do MMA, o resto é muito mais jiu-jitsu".
KARINA: A GRANDE COMPANHEIRA
Neiman e Karina se conheceram muito novos e, depois quase cinco anos juntos, decidiram seguir a vida nos Estados Unidos, quando os dois estavam com 18. "Sou casado e estou com ela há quase 15 anos. Ela sempre me deu o maior suporte, veio do Brasil comigo há 10 anos, quando a gente ainda era novinho, com 18 anos. Estamos juntos há muito tempo, ela é uma grande força para mim. Me faz acreditar cada vez mais em mim". Karina é fotógrafa profissional e atua em Nova York e no Rio de Janeiro.
FAIXA-PRETA E TRANSIÇÃO PARA O MMA
"Peguei a faixa preta no dia do meu aniversário, quando completava 23 anos. Foi maravilhoso. Foi das mãos do meu pai e do Renzo ao mesmo tempo. Essa transição foi natural para mim. MMA sempre foi uma coisa que eu quis, talvez fosse o foco principal desde o começo. Amava assistir as lutas do Royce, Rickson, Renzo... Sempre quis lutar MMA. Foi maravilhoso, já venho treinando desde garoto, aula de boxe... Quando peguei minha faixa-preta, passei a treinar MMA sério. Meus primos estavam treinando comigo na época e iam lutar no WSOF. Falei que estava me sentindo bem, treinando bem e pedi para entrar no evento. Entrei, venci e foi maravilhoso, lutei no mesmo dia com eles. Foi tudo perfeito". (veja vídeo acima)
TREINOS COM RENZO
"Treinar lá é maravilhoso. Lembro da primeira vez que fui treinar lá, fiquei chocado! Academia tem quase 1.500 alunos e, quando entrei, estava lotada. Nunca tinha visto isso na minha vida. São três salas grandes de tatames, lotadas, não dava nem para andar direito. Os treinos são maravilhosos, o time do Renzo está cada vez mais forte. A gente tinha campeões em vários eventos, muita gente dura. Além disso, vem muita gente visitar. (Chris) Weidman, (Georges) St-Pierre... Minha casa, né?".
SONHO DE IR PARA O UFC?
"Acho maravilhoso (o crescimento do Bellator), acaba aquela predominância do UFC. Hoje em dia, vendo que estou ganhando algumas lutas, muitas pessoas vêm me perguntar: 'e aí, quando vai para o UFC?'. Não tenho tanto essa pretensão. Estou muito feliz no Bellator, está se tornando um evento grandioso, tem dinheiro para chegar frente a frente com o UFC e estou muito feliz. Sou muito bem tratado... Acho que isso é muito bom para o esporte, mais um evento crescendo".
SITUAÇÃO NO BELLATOR
"Acredito que minha categoria é a mais complicada, a mais difícil. O Douglas (Lima) é muito difícil, muito duro, completo, mas que prefere a trocação. Acho que se continuar ganhando, com mais algumas lutas, posso chegar no cinturão para continuar representando minha família da melhor maneira".
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