UFC tem noite mágica com superação de lenda, recorde e gringo 'brasileiro'
As boas lembranças devem ficar na cabeça dos que foram ao Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, para ver o UFC na noite de sábado para domingo. Além de ter assistido à consagração da lenda Minotouro, que superou uma internação para nocautear um sorridente adversário, e ao recorde de Charles do Bronx, que se tornou o maior finalizador da história do Ultimate, o público também foi apresentado aos brasileiros que um dia podem brilhar.
Simbolicamente, a noite uniu passado, presente e futuro do MMA nacional.
O atleta de 42 anos admitiu ter se sentido inseguro quando a luta contra Sam Alvey foi marcada. Isto já era de se esperar: Minotouro não fazia um combate oficial desde novembro de 2016 e, neste meio tempo, esteve suspenso por doping - punição que foi revogada posteriormente, quando a Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos) o absolveu das acusações. Mas não se sabia sobre a internação.
"Tive uma infecção na perna, passei 10 dias hospitalizado. Saí do hospital com 110 kg [a categoria meio-pesado vai até 93 kg], foi difícil voltar. Eu estava achando que essa não seria a volta perfeita. Um mês para treinar, cheio de antibiótico no corpo... Eu consegui dar o gás nos últimos 10 dias de treino. Foi difícil para mim, uma luta realmente de teste", afirmou. E o que descobriu neste teste? "Quero estar de volta", completou.
Só uma luta fez a arena gritar mais que a de Minotouro. A derrota de Eryk Anders para Thiago Marreta foi muito comemorada pela torcida paulista, mas a entrada do norte-americano gerou bastante curiosidade; afinal, o atleta escolheu como sua música o hino do Santos. Dentro e fora do Ginásio do Ibirapuera, torcedores alvinegros se divertiram com o novo "ídolo" de ocasião... Mesmo que ele tenha apanhado.
Em contato com o UOL Esporte, o Santos revelou ter se encontrado com o lutador na semana que antecedeu o evento. Há, ainda, a intenção de levá-lo para conhecer as dependências do clube (centro de treinamento e, possivelmente, a própria Vila Belmiro) em dezembro, quando vier visitar a família de sua mulher brasileira. Até lá, ele já terá se recuperado do nocaute técnico que sofreu diante de Thiago Marreta.
A reportagem notou uma boa quantidade de jovens (menores de 16 anos) acompanhados de seus responsáveis. Todas as faixas etárias devem ter gostado de ver Charles do Bronx vencer Christos Giagos e bater o recorde de maior finalizador da história do UFC, que pertencia a Royce Gracie, mas a tendência é de que a juventude procure seus iguais. Ali estavam os novatos Augusto Sakai, e Mayra "Sheetara" Bueno, que venceram no card preliminar, e Marina Rodriguez, que teve empate majoritário no principal.
Se Eryk Anders causou estranheza ao escolher o hino do Santos, é de se imaginar que Mayra tenha emocionado muita gente com a música "No dia em que eu saí de casa", de Zezé di Camargo e Luciano. A letra tem tudo a ver com a história da lutadora: a noite da vitória sobre Gillian Robertson marcou o aniversário da mãe da brasileira, que estava presente no ginásio e ainda não a apoiava inteiramente no MMA.
Mas, como diz a canção sertaneja, "ela sabe que depois que cresce, filho vira passarinho e quer voar". A chave de braço pode ou não ter conquistado a mãe de Mayra Sheetara, que saiu de cadeira de rodas após torcer o joelho, mas começou a conquistar a torcida. O mesmo vale para o nocaute técnico que Augusto Sakai impôs a Chase Sherman. "Ele falou que ia invadir meu país e arrancar minha cabeça. Nem f...endo", avisou o atleta de peso-pesado, em frase que ditou bem o tom da noite.
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