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"Queria dar um susto", diz motorista que atropelou e matou lutador ex-UFC

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

26/04/2019 16h34

O motorista do aplicativo Uber Jefferson Roger Maciel Barata confessou ter atropelado e matado o lutador Rodrigo Guaiana de Lima, conhecido como Rodrigo "Monstro", na semana passada em Belém. Arrependido, Jefferson afirmou que sua intenção era apenas "dar um susto" no lutador ex-UFC e pediu desculpas a sua família.

De acordo com o relato do motorista, "Monstro" havia pedido para deixar seu carro e o agrediu depois de um desentendimento.

"Foi o tempo de eu parar o carro, eu só vi o primeiro soco passando. Pegou um soco na minha cabeça, no meu rosto, no meu maxilar, arrancou o meu relógio. Depois que ele me bateu eu desci e tirei as coisas do porta-mala", disse o motorista, que prestou depoimento hoje (26) à Polícia Civil do Pará. "Eu estava emocionalmente abalado e pensei 'Vou dar um susto nele.' Voltei só pra dar um susto, jamais imaginei que ia tirar a vida de alguém."

A briga teria começado quando Jefferson pediu para Rodrigo e quatro amigas que estavam no carro falarem mais baixo, porque o volume da conversa estaria dando "dor de cabeça" no motorista. "Chamei atenção deles que eles estavam falando muito alto. Disse: 'Você está dentro de um local fechado e sua voz está me incomodando, você está me deixando com dor de cabeça. Eram esportistas e pensei que esses caras tinham disciplina. Não falei palavrão nenhum, até porque sou evangélico, cristão e palavrão não faz parte do meu dicionário."

Jefferson - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Segundo o relato do motorista, depois ter a atenção chamada, Rodrigo "Monstro" se irritou, pediu para descer do carro e começou a agredi-lo. Jefferson teria preferido não fazer um boletim de ocorrência relatando a agressão e em vez disso escolheu "dar um susto" no lutador. "Eu não ia voltar para casa apanhado." Monstro, que é irmão de criação de Michel "Trator", outro paraense do UFC, acabou morrendo atropelado.

"Sempre pensei em formar minha família pra não deixar meus filhos crescerem sem pai", afirmou Jefferson em um áudio ao qual a reportagem teve acesso. "Sinto muito pela família dele, estou arrependido, já pedi perdão pra Deus. Era uma das coisas que eu mais temia: tirar a vida de alguém. Comecei a trabalhar nesse trabalho pra ter mais tempo na igreja, me tornei diretor de jovens, de música da igreja, e acabou acontecendo isso. Pedi perdão pra Deus e pra família dele. Não era meu objetivo tirar a vida de ninguém. Nunca fiz maldade pra ninguém. Hoje seria meu casamento. Estaria iniciando uma vida nova e aconteceu isso. Vou pagar pelo que fiz e estou muito arrependido. Peço perdão a todos os familiares e amigos dele."

Após a confissão, o delegado Eduardo Rollo deve indiciá-lo pelo crime de homicídio. Segundo o advogado Marco Pina, Jefferson é professor de inglês e havia se associado ao Uber há cinco meses. Ele está em prisão preventiva. "A intenção dele não era matar", afirmou o defensor.

Jefferson estava desaparecido desde a noite do último domingo (21), quando foi apontado como o motorista que atropelou o lutador, que tinha 28 anos e chegou a fazer duas lutas no UFC, em 2014 e 2015.

O caso aconteceu na avenida Júlio César, que fica na região de Val-de-Cans, próximo ao aeroporto da cidade. Rodrigo estava com mais quatro amigas no carro, uma delas a também lutadora Paula Bittencourt, quando teve a discussão.

Os passageiros desceram do carro e foram em direção a um posto de gasolina. Nesse momento, o motorista acelerou o veículo e atropelou o professor de jiu-jitsu, que morreu na hora.