Ele conheceu a luta no VHS; agora, abdica de pizza para ser campeão do UFC
Para realizar um sonho de infância, aquele nascido ao ver fitas de VHS com embates épicos de Wanderlei Silva e Rodrigo Minotauro, Marlon Moraes abdicou nos últimos meses de um dos grandes prazeres da vida. Prestes a disputar o cinturão da categoria dos galos do Ultimate Fighting Championship (UFC), o fluminense de 31 anos cortou pizza e churrasco há algumas semanas, tudo para chegar na melhor forma possível para a luta da carreira.
No próximo sábado (8), em Chicago (Estados Unidos), Moraes enfrenta Henry Cejudo, dono do cinturão dos moscas, pelo título da divisão até 61 kg. Na melhor fase da carreira, conforme análise do próprio, o lutador de Nova Friburgo adotou uma preparação de reeducação alimentar muitas semanas antes da luta, evitando o corte drástico de peso comum aos atletas. Tal estratégia carrega custos.
"A gente abdica de tudo. Gostaria de ter acordado e comido uma torta, um churrasco, uma pizza, mas vamos segurar. Já venho há uns dois meses e meio com uma dieta boa para não precisar sofrer, mantendo uma alimentação saudável, sem um corte drástico. Eu me adequei, então vamos com tudo", contou Marlon Moraes, em entrevista concedida ao UOL Esporte.
Fora a reeducação alimentar, Marlon dedicou os últimos três meses a uma preparação intensa para o momento mais esperado da carreira. Embalado pela revanche bem concluída diante de Raphael Assunção, em fevereiro, o atleta do Rio de Janeiro afirma que se encontra na melhor forma da carreira, justamente às vésperas do grande desafio.
"É a hora de ser campeão. Cheguei para ser campeão. Não tenho o que ajustar, serei o melhor Marlon que fui. Vocês podem ter certeza que verão o melhor Marlon. Estou muito bem e sei o que posso alcançar. Não faltei um dia, não deixei de fazer um treinamento. Estou muito, mas muito preparado", relatou, motivado pela chance recebida.
"Estou indo realizar meu sonho, concluir o meu trabalho. Trabalhei para isso. Há pressão? Pode ser, mas este é o resultado que venho buscando; fiz isso minha vida inteira e não posso sentir-me pressionado. Tenho que estar feliz por poder representar o nosso povo, que sofre muito. Não vai faltar guerra e não faltou treinamento", acrescentou.
Paixão pela luta veio pelo VHS
O brasileiro desafiante ao cinturão dos galos viveu a luta durante quase toda a vida. Antes de sonhar com um desafio ao cinturão do UFC, um ainda adolescente Marlon Moraes se deleitava com a glória de Wanderlei Silva, Rodrigo Minotauro e outros compatriotas que fizeram história no Pride, extinto evento japonês popularíssimo no início da década passada.
Sem televisão a cabo em casa, Marlon Moraes improvisava para testemunhar os ídolos em ação. As lutas ao vivo eram vistas na casa de amigos, durante verdadeiras reuniões nas madrugadas. A primeira luta, por exemplo, teve como plataforma algo praticamente extinto nos dias de hoje, como o Pride.
"A primeira luta do Wanderlei [Silva] que vi foi contra o Artur Mariano, ainda em uma fita. Depois, não tinha grana e não tinha TV a cabo, então ia na casa de amigos da academia para assistir. Era madrugada mesmo, às vezes até dormia por cima no meio das lutas [risos], mas era muito bom", relembrou.
Deste tempo, nasceu a idolatria por Wand. "Não conheço ele, ainda espero que isso aconteça. Espero um dia tirar essa tão sonhada foto com ele, para guardar. Quero tentar continuar o que ele fez para o esporte, inspirando crianças que, como eu, ficava até tarde para assistir ele no Pride. Ele é um cara que me trouxe para o esporte", conta o desafiante ao cinturão do UFC.
Marlon quer abrir porta para nova geração
Este exemplo em Wanderlei motiva Marlon, ainda mais na atual situação do MMA brasileiro dentro do maior evento da modalidade. Não há donos de cinturão nascido no país entre os homens. O domínio hoje é das mulheres, representadas pela multicampeã Amanda Nunes (pena e galos) e por Jessica Bate-Estaca (palha).
À beira do título, Marlon Moraes quer chegar ao topo da organização sábado para abrir caminho definitivamente para a nova geração, que ainda convive com as glórias mais recentes de nomes como Anderson Silva e José Aldo, dominantes em suas divisões há alguns anos.
"Não importa se é mulher ou homem, nós vamos nos unir e nos reerguer. A Bate-Estaca venceu o cinturão agora e temos a Amanda Nunes. Tem [Thiago] Marreta chegando, também temos muitos atletas na minha categoria e na de cima [penas]. Os brasileiros estão chegando, só temos que mudar a cultura de só abraçar o campeão, temos que abraçar todo mundo", afirma, transportando esta união citada em energia positiva para o dia 8.
"Não vai faltar vontade, garra. A vitória será de todo mundo que sempre acreditou em mim, que assiste aos brasileiros no UFC. Vamos vencer junto, dia 8", encerrou Marlon Moraes, próximo de ser o novo atleta do país a chegar ao topo no UFC.
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