"'Uh, vai morrer' fez falta", diz brasileira do UFC após luta sem torcida
O UFC Brasília de duas semanas atrás teve soco, mas não teve grito. A palavra "isolamento" começava a ganhar força no país e a organização decidiu realizar o evento com os portões fechados. Os lutadores estavam lá, mas os tradicionais gritos de "uh, vai morrer", que sempre marcam presença nos card brasileiros, não.
"Foi um evento muito estranho e muito doido, mas até que foi legal", diz Amanda Ribas, que venceu a canadense Randa Markos na ocasião. "Quando estou lutando, eu consigo escutar só a voz dos meus técnicos, então ali não senti muita falta do barulho da torcida. O que eu senti falta foi dos gritos de 'uh, vai morrer', porque todo mundo que luta no Brasil ou tem medo desse grito ou quer ouvir para animar. Eu queria escutar um pouquinho."
A decisão de fazer o evento com portões fechados veio poucos dias antes da data marcada para o UFC Brasília. Para evitar aglomeração, a organização controlou o número de pessoas que ficavam ao mesmo tempo dentro do ginásio.
"A sorte que o hotel era perto do ginásio. Fiz minha bandagem, aquecimento, tudo no hotel. Quando acabava a primeira luta, eles pegavam os lutadores da próxima, que estavam no hotel, e levavam para a arena. Isso foi muito diferente também."
Amanda venceu Randa Markos por decisão unânime dos juízes após três rounds. Foi ali que ela sentiu a diferença de quando o público não está presente.
"Quando o juiz deu a decisão, eu queria pegar o microfone e gritar 'e aí, Brasil?', mas não tinha ninguém. Naquele momento, achei estranho. Depois, na saída do octógono, os fãs querem tirar foto, bater na nossa mão. Dessa vez, não tinha ninguém".
O UFC Brasília foi o último realizado antes de a organização parar por causa da pandemia do Coronavírus. Os três eventos previstos para acontecerem na sequência foram cancelados. Marcado para 18 de abril, o UFC 249 ainda não foi suspenso, mas a Comissão Atlética de Nova York já vetou a realização na cidade.
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