Anderson foi vaiado e quase demitido do UFC após vitória na "Ilha da Luta"
Dana White acabou com o suspense e confirmou ontem (9) o local da "Ilha da Luta", que receberá eventos do UFC durante a pandemia causada pelo novo Coronavírus (Covid-19). Trata-se da Ilha de Yas, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Tratado como uma grande novidade, o local já sediou outros três eventos da organização. O mais lembrado foi quando Anderson Silva irritou a torcida e Dana White por sua postura contra Demian Maia e chegou a ser ameaçado de demissão.
Anderson estava no meio de seu domínio nos médios do UFC quando a luta com Maia aconteceu em 2010. Inicialmente, ele enfrentaria Vitor Belfort, mas o carioca se machucou e abriu espaço para o paulista.
Como acontecia em quase todas as lutas do "Spider", a torcida estava claramente a seu favor. Pelo menos até o fim do segundo round. Foi nesse momento em que Anderson deixou a luta de lado para focar nas provocações a Demian. A torcida não gostou e trocou os gritos de "Silva" por "Maia", além de sonoras vaias ao fim de cada round.
Na parte final da luta, Demian não escondia a frustração e fazia repetidos gestos pedindo para que Anderson lutasse. Mas o então campeão seguia circulando pelo octógono e desferindo cada vez menos socos. Faltando um minuto para o fim do combate, o campeão foi advertido pelo árbitro Dan Miragliotta, que ameaçou tirar um ponto dele caso a postura se mantivesse.
As vaias ao fim do quinto round deixava clara a reprovação à postura de Anderson. A situação ficou mais crítica quando Dana White se recusou a subir ao octógono para entregar o cinturão dos médios ao brasileiro.
"Uma desgraça total para o esporte. Uma vergonha para o UFC, para o esporte. Acho que nunca tive tão envergonhado como estou agora. Nem sei do que chamar isso, foi a coisa mais horrível que eu já vi", disse o chefão, durante a entrevista coletiva depois da luta.
O incômodo de Dana White resultou em uma ameaça de demissão a Anderson Silva. O chefão da organização disse que não toleraria caso a atitude se repetisse contra Chael Sonnen, que seria o próximo rival do brasileiro.
"Se ele agir assim de novo, eu o demitirei. Eu não me importo se ele é o melhor peso por peso do mundo, eu não me importo se ele é o campeão dos médios, eu o demitirei", disse à "ESPN".
Ainda no octógono do confronto contra Demian, Anderson chegou a se desculpar pelo ocorrido, dizendo que tinha se empolgado. "É hora de voltar e refletir sobre a minha humildade aqui dentro. Foi o que me trouxe até aqui, e hoje, definitivamente, não fui eu".
Na coletiva, no entanto, ele mudou o discurso e disse que havia sido provocado pelo rival nas semanas que antecederam o combate. Demian chegou a dizer que aranha tinha oito pernas e ele pretendia levar uma para casa, em alusão ao apelido de Anderson.
"Sua atitude desrespeitosa ainda ecoava em minha mente. Lembrei de uma luta de Roy Jones (campeão de boxe) em que seu adversário também havia sido verbalmente agressivo. Em um dos assaltos, Roy Jones se afasta, abaixa as mãos e se encosta no canto do ringue. Ele chama o oponente, que desfere alguns golpes a esmo, não o acerta. Não sou Roy Jones, nem Muhammad Ali. Sou Anderson Silva, e os esportes são diferentes. Mas os dois eram e continuam a ser minhas referências. Decidi fazer igual com Demian", escrever Anderson em sua autobiografia "Anderson Spider Silva - O relato de um campeão nos ringues e na vida".
O UFC demoraria quatro anos para voltar aos Emirados Árabes Unidos depois da polêmica com Anderson e Demian. Agora, a organização aposta no local como uma solução para o impasse causado pela pandemia.
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