Mackenzie confundiu gravidez com efeitos de treino. Hoje, brilha no UFC
Mackenzie Dern enfrentou a a veterana Randa Markos no sábado (19), no UFC Las Vegas 11. Finalizou a rival no primeiro round, com uma chave-de-braço reta. O golpe foi tão bom que deu a ela o prêmio de performance da noite e um cheque de US$ 50 mil (cerca de R$ 265 mil) entregue pelo UFC. Foi sua segunda vitória após dar à luz Moa, hoje com 1 ano e três meses. E deve colocá-la entre as dez melhores pesos palha (52kg) da principal franquia de MMA do planeta.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, a atleta relembra a descoberta da gravidez já aos quatro meses de gestação —ela confundiu os sintomas com efeitos de treinos pesados. Antes de receber o resultado positivo em um teste, ela continuava treinando no mesmo ritmo. "A gente treina muito forte, toma suplemento, então, às vezes, a menstruação fica desregulada. E isso começou a acontecer comigo", diz.
"Passei a me sentir bastante cansada, também, o que é comum quando a gente treina pesado. Os enjoos não são anormais se a gente pega firme na dieta para perder peso. Eu achei que os sintomas da gravidez eram, na verdade, um sinal de que eu estava treinando pesado. Até suspeitei, fiz um teste e deu negativo. Os sintomas continuaram, fiz outro e aí veio o positivo", conta.
Mackenzie procurou uma ginecologista e descobriu que já estava grávida de quatro meses. Ainda assim, decidiu tornar pública a notícia da gestação próximo de dar à luz —aos oito meses. "Não queria que as pessoas pensassem que minha carreira tinha acabado, sabe? Quando minha filha nasceu, esperei dois meses e já voltei a treinar".
A primeira luta da atleta após a chegada da filha aconteceu em quatro meses. Ela relembra os perrengues do retorno e a sensação de fraqueza no primeiro duelo. "Eu ainda amamentava, então meu corpo ficava muito instável. Pela manhã, eu tinha um peso. À noite, o peso aumentava porque meu peito enchia de leite. Era bem difícil".
A primeira luta de volta, contra a brasileira Amanda Ribas, foi a primeira derrota de Mackenzie —que treina MMA há cinco anos. "Me senti 100% naquela luta. Apesar da derrota, eu me dediquei 100%. Meu corpo tinha mudado e eu não entendia. Sentia meu abdômen mais fraco. Recebia um chute e sentia dor —coisa que não acontecia antes no calor da luta. Eu sentia minhas articulações muito fracas, soltas", afirma.
Senti isso durante toda a minha gravidez, andava e virava o pé sozinha. No começo, quando voltei, ainda estava instável, sentia que minha base não era sólida. Isso me dava muito medo".
"O primeiro soco forte que levei no rosto depois de um ano ausente foi bizarro. Eu estava desacostumada. Antes, eu recebia o soco e ficava com raiva, queria devolver. O primeiro soco depois do nascimento da minha filha me fez querer recuar, queria virar o rosto, queria que acabasse", ri.
Mackenzie começou na luta pelo jiu jitsu. Conta que seu pai, quando soube da decisão de migrar para o MMA, foi contra. "Ele dizia: 'Minha filha, você tem um rostinho tão lindo para tomar soco na cara. A vida de jiu é tão boa. Não precisa ir para o MMA'", relembra. "Só que eu já tinha conquistado todos os meus objetivos dentro do jiu jitsu e queria algo a mais".
"Ser atleta de jiu sempre me salvou dentro do MMA. Agora, comecei a evoluir como atleta. Estou mais dura, mais inteligente. Fico mais em pé, troco mais. Me apaixonei pelo UFC, curto demais esse novo esporte. Ainda assim, tento representar o jiu jitsu entre uma plateia mais abrangente, uma vez que o público do UFC é bem maior", diz —a vitória sobre Markos foi em uma finalização.
Mackenzie assume que o jiu jitsu ainda é sua paixão. Ela se vê daqui a 30 anos rolando no tatame —como faz o pai, que, aos 50 anos, ainda luta. "O jiu estará me esperando no futuro. O MMA é meu desafio hoje".
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