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Minotauro relata ajuda a Anderson: "Pedi 3 lutas para torná-lo campeão"

Josh Hedges/Zuffa LLC via Getty Images
Imagem: Josh Hedges/Zuffa LLC via Getty Images

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

31/10/2020 04h00

Anderson Silva se prepara para aquela que pode ser a última luta de sua carreira. Mas se não fosse Rodrigo Minotauro, a aposentadoria do brasileiro teria acontecido muito antes do combate contra Uriah Hall no UFC, marcado para hoje (31), em Las Vegas, nos Estados Unidos.

O "Spider" apresentava resultados pouco expressivos quando cogitou se aposentar em junho de 2003, após ser finalizado por Daiju Takase no extinto Pride. Mas um pedido de Minotauro, à época já uma lenda do evento japonês, fez com que Anderson aceitasse dar mais uma chance para sua carreira.

"Eu falei: 'Anderson, não para agora. Me dá mais três lutas que eu te coloco para ser campeão mundial", relembra Minotauro.

A previsão foi perfeita. O número de lutas foi o necessário para que Anderson se tornasse campeão do Cage Rage, torneio de médio porte na Inglaterra. Foi o primeiro passo rumo ao UFC, evento no qual se tornaria uma lenda.

Anderson e Minotauro se conheceram em uma época em que as rivalidades entre academias imperavam no Brasil. O "Spider" pertencia à curitibana Chute Boxe, enquanto Minotauro treinava na carioca Brazilian Top Team. Interação entre os membros era algo tão improvável quanto um palmeirense comemorar gol do Corinthians.

"Conheci o Anderson em 2002, quando ele foi lutar contra o Roan 'Jucão' Carneiro, que era da nossa academia. Eu comecei a estudá-lo para preparar a estratégia do Jucão e, na hora, percebi que ele era o 'cara'. Ele sabia fazer guarda, se jogava bem no chão, tinha o muay-thai, a distância. Comecei a ficar fã do cara", explica.

O deslumbramento se transformou em parceria. Em um determinado momento, Anderson treinava na Chute Boxe e dava aula de jiu-jitsu na CWB Sports, uma academia em Curitiba fundada por Minotauro e seu irmão Rogério Minotouro. "A gente se conheceu assim, totalmente por fora da luta, do octógono. Fizemos uma amizade e vi que era um cara diferenciado. Bati o olho e vi que era um futuro campeão mundial".

A luta em que Anderson pensou em se aposentar já tinha o dedo de Minotauro. Lenda do Pride, ele abriu mão do bônus que receberia pelo combate contra Fedor Emelianenko para que a bolsa do "Spider" fosse paga.

"Ou eu ganhava o prêmio de bônus ou eles colocavam o Anderson no evento. O prêmio de melhor luta da noite foi a bolsa do Anderson. Naquela época, ele ainda não estava se entendendo tanto com a organização do Pride. Renovou uma luta a mais. Depois, foi para a Coreia, Inglaterra e veio para o UFC, onde mudou a história da organização. Por causa dele, o UFC se tornou a grande potência do esporte".

Minotauro convenceu técnico de Popó a treinar Anderson

Minotauro, Luiz Dórea, Minotouro e Anderson Silva, em treino em 2003 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Minotauro, Luiz Dórea, Minotouro e Anderson Silva, em treino em 2003
Imagem: Reprodução/Instagram

Para transformar o potencial que enxergava em Anderson em realidade, Minotauro contou com ajuda. Entre elas, Luiz Dórea, técnico de Acelino Popó Freitas nos tempos áureos do brasileiro no boxe.

"Levamos o Anderson para fazer a preparação física com o Rogério Camões, que o deixou mais forte. Depois, convenci o Dórea a ser treinador dele e o levamos para fazer os camps em Salvador. A gente deu uma assessoria com os nossos treinadores e conseguimos melhorar muito a vida técnica e física do Anderson", explica.

Passadas quase duas décadas da decisão de impedir a aposentadoria precoce de Anderson, Minotauro acredita que a relação teve auxílio mútuo. "Eu ajudei ele, mas ele me ajudou também. A minha vinda para o UFC foi por causa do Anderson. Um dia ele disse que estava conversando com o Dana White e ele queria um encontro comigo. Ficou falando para eu entrar no UFC: 'eu campeão em um peso, você em outro'. Eu tomei a decisão com o Anderson me chamando".

Se no passado Minotauro fez de tudo para que Anderson não parasse, agora ele deixa a decisão na mão do ex-campeão. "No momento que o mestre decide parar, respeita o mestre".

UFC: SILVA X HALL
Las Vegas, EUA
31/10/2020

CARD PRINCIPAL (20h, de Brasília)

Peso-médio: Uriah Hall x Anderson Silva
Peso-pena: Bryce Mitchell x Andre Fili
Peso-pesado: Maurice Greene x Greg Hardy
Peso-médio: Kevin Holland x Charlie Ontiveros
Peso-leve: Bobby Green x Thiago Moises

CARD PRELIMINAR (17h, de Brasília)

Peso-leve: Chris Gruetzemacher x Alexander Hernandez
Peso-galo: Adrian Yanez x Victor Rodriguez
Peso-médio: Sean Strickland x Jack Marshman**
Peso-meio-médio: Cole Williams* x Jason Witt
Peso-meio-pesado: Dustin Jacoby x Justin Ledet
Peso-galo: Miles Johns x Kevin Natividad

*Cole Williams irá ceder 40% da bolsa ao seu oponente
**Jack Marshman irá ceder 20% da bolsa ao seu oponente