"Explodiu": lutador relata como é ficar com orelha pendurada em um combate
O primeiro round da luta que valia o cinturão interino dos galos da Taura MMA mal havia passado dos 20 segundos quando o brasileiro Ary Farias acertou um soco de esquerda de raspão na cabeça do norte-americano Johnny Campbell. O forte barulho ouvido após o golpe indicava que algo havia acontecido. Vinte e sete segundos mais tarde, a arbitragem percebeu e encerrou o combate. A orelha de Campbell estava pendurada e uma poça de sangue se formava no ringue.
O acidente aconteceu no evento realizado no Rio de Janeiro, em 24 de outubro. Na ocasião, o próprio Campbell demorou para entender o que estava acontecendo. A paralisação da arbitragem chegou a irritar o norte-americano, que tentava se defender de uma finalização.
"Eu não sabia direito o que estava acontecendo até o árbitro me dizer. Quando ele parou a luta e disse que minha orelha tinha explodido, eu só fiquei desapontado. Pedi para o médico olhar o ferimento para eu voltar, mas infelizmente a orelha estava pendurada e sabia que não ia poder continuar. Foi desapontante", relembra.
A cartilagem da orelha permanecia pendurada enquanto Campbell recebia os primeiros atendimentos. Apesar das imagens impressionantes que rodaram o mundo, ele afirma não ter sentido uma dor fora do comum.
"Na hora que aconteceu, eu percebi que ia doer muito, mas imediatamente minha mente começou a ignorar a dor. Eu sabia que algo estava acontecendo no lado esquerdo da minha cabeça, mas não estava doendo. Era algo que não estava me afetando".
Responsável pelo golpe que deixou a orelha de Campbell pendurada, o brasileiro Ary Farias disse ter percebido a gravidade quando tentava aplicar um mata-leão no rival. "Assim que entrei nas costas dele, sinalizei para o árbitro olhar o que estava acontecendo".
A lesão sofrida pelo norte-americano chama desenluvamento, que é quando a cartilagem se desconecta da pele. Ela pode acontecer em várias partes do corpo, como perna, cabeça e orelha, como no caso do lutador.
"Se essa cartilagem não for rapidamente recoberta pela pele - e essa pele tem que continuar com os vasos sanguíneos intactos - pode ocorrer a perda da cartilagem da orelha. Então é uma lesão que realmente tem que parar a luta, ser encaminhado para uma emergência e ser avaliado por um cirurgião plástico para restabelecer a cobertura e a vascularização dessa estrutura", explica o cirurgião plástico Leonardo Sauerbronn Muniz, do centro de tratamento de queimaduras do Hospital Municipal Pedro II, no Rio de Janeiro.
Campbell deixou o ringue diretamente para o hospital. Ele precisou levar 20 pontos na orelha, mas não teve a audição afetada. Depois de três semanas de recuperação, o norte-americano voltou aos treinos, mas com uma proteção na região.
"Penso que o que aconteceu vai me forçar a ficar mais ligado em golpes em direção à minha orelha. No geral, é capaz que eu fique mais atento do que já costumo ficar. Provavelmente vou colocar uma camada extra de vaselina na região da orelha para tentar protegê-la", planeja.
Três casos em dois meses
Duas semanas após o ocorrido com Johnny Campbell, Ramiz Brahimaj passou por situação muito parecida no UFC, na edição UFC on ESPN 17, em Las Vegas. Um soco desferido por Max Griffin afetou a orelha direita do norte-americano. Ele ainda levaria mais um golpe na região antes de o árbitro encerrar o combate.
A sequência de lesões do tipo foi ampliada na primeira semana de dezembro. O polonês Lukasz Borowksi foi golpeado na orelha esquerda por Pawel Trybala, na luta válida pelo evento Fight Exclusive Night (FEN).
As três lesões tiveram algo em comum além de a orelha ficar pendurada. O golpe decisivo veio em um contra-ataque. Campbell e Borowksi tentavam um chute quando foram atingidos, já Brahimaj havia desferido um direto na linha de cintura do rival.
"Eu desferi um chute e o jeito que me movimentei para dar aquele chute, minha cabeça ficou abaixada. Ele socou de cima para baixo em direção à minha cabeça, e eu estava fazendo o movimento de levantá-la. Então o soco acertou perfeitamente na minha orelha e resultou naquilo. Foi uma coincidência", explicou Johnny Campbell.
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