Topo

MMA


Charles do Bronx explica frase 'a favela venceu' e a missão de ser exemplo

Do UOL, em São Paulo

19/05/2021 11h42

Na conquista do cinturão dos médios no UFC 262, o brasileiro Charles 'do Bronx' Oliveira comemorou dizendo que 'a favela venceu', pelo fato de ele ter sido criado em uma comunidade no Guarujá, litoral de São Paulo. Exatamente por sua origem, o lutador tenta usar sua carreira nas lutas para servir de exemplo para os mais jovens que vivem a mesma realidade que ele viveu.

Em entrevista ao UOL News Esporte, com Domitila Becker, o lutador explica o uso da frase na conquista do cinturão e de como ele procura levar aos jovens a mensagem de buscar vencer na vida pelo esporte.

"Quando eu falo 'a favela venceu', é uma coisa que eu uso muito, porque o meu pai e minha mãe sempre me ensinaram o que era o certo e o que era o errado, saber o que era o certo e o errado e eu aprendi isso. Graças a Deus a gente nunca precisou roubar nada de ninguém, nunca precisamos fazer nada de errado, usar droga, fumar nada, a gente nunca precisou fazer isso, porque o meu pai e a minha mãe sempre estiveram ali com a gente, firme e forte, mas a gente sabe que o moleque que mora na comunidade, o espelho dele é a vida errada, ele quer ter uma moto, ele quer ter um carro, ele quer ter dinheiro, ele quer ter mulheres", afirma Charles.

"Infelizmente esse é o espelho da molecada e eu acredito que tenho missão, a minha missão é mostrar para essa molecada que a gente que vem de uma comunidade não precisa viver essa vida, a gente pode trabalhar, a gente pode ser um atleta e crescer na vida, então, a partir do momento em que eu comecei a rodar o Brasil inteiro, depois o mundo inteiro com o esporte, ganhando dinheiro, conseguindo as minhas coisas, batalhando, dedicando, podendo viver bem, eu comecei a falar 'a favela venceu' e eu acho que esse cinturão mostrou isso de verdade", completa.

Após a volta ao Brasil com o cinturão, o lutador foi festejado na comunidade onde cresceu e se emocionou pelos pedidos de abraços de crianças que diziam querer ser como ele.

"Teve uma festa para mim na favela e o que mais feliz, me deixava emocionado eram as crianças pequenininhas, eles andando para todo lado que eu andava, eles andavam atrás e eles queriam 'posso te dar um abraço?', me davam um abraço e seguravam o cinturão. E muita coisa que eu escutei deles era 'eu quero ser igual a você', eu falava 'igual eu não, você tem que ser melhor do que eu'. Eu acho que Deus me deu esse dom de tentar colocar isso na cabeça deles e acho que a gente começou a colocar na cabeça deles que eles podem ser", afirma Charles.

"O mais importante da minha missão é isso, mostrar que a gente não precisa roubar nem nada para poder ser alguém na vida. Eu conheço várias pessoas da vida errada, porque fui nascido e criado na comunidade, mas você não precisa fazer nada de errado para ter suas coisas, você vai ter suas coisas batalhando, se dedicando", conclui.