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Charles do Bronx: Pensei em desistir porque o Brasil não dá apoio a nada

Do UOL, em São Paulo

19/05/2021 11h16

Campeão dos leves no UFC 262, Charles 'do Bronx' Oliveira revela que pensou em desistir das lutas pelas dificuldades que teve durante a carreira, a falta de apoio e o sacrifício dos pais, acumulando empregos para que ele e o irmão pudessem seguir competindo, com o pai chegando a esconder contas de sua mãe devido à falta de dinheiro para pagar.

O lutador que conseguiu seu primeiro cinturão no último sábado foi entrevistado no programa UOL News Esporte, com Domitila Becker, e contou as dificuldades que precisou encarar até a chegada ao sonho de ser campeão do UFC.

"Pensei em desistir porque o Brasil não dá apoio a nada e minha família não é rica, é de pessoas trabalhadoras, meu pai trabalhava numa feira vendendo ovos e trabalhava num matadouro, minha mãe na escola como faxineira e trabalhava na casa dos donos da escola como faxineira, então eles tinham dois empregos, saíam de manhã e chegavam só de noite para poder dar tudo do bom e do melhor para os filhos. Minha mãe era aquela mulher que as contas chegavam e tinha que pagar no dia, não tinha como deixar para depois e eu vi meu pai e minha mãe brigarem muitas vezes porque meu pai escondia as contas para não pagar porque não tinha dinheiro", afirma Charles.

"Algumas vezes eu falei 'vou parar, vou trabalhar igual meu pai e vou esquecer essa vida'. Mas aí meu pai, a família e alguns amigos 'não, já lutou para caramba para chegar até aqui, acredita no seu sonho', e eu acreditei no meu sonho, acreditei no sonho do meu pai, eu lembro que bem antes, para no UFC, meu pai falou que eu iria entrar no UFC e a gente entrou e depois que a gente entrou meu pai falou que a gente iria ganhar esse cinturão e a gente ganhou, então a gente acreditou em Deus primeiramente, acreditou no nosso sonho, que a partir do momento não era só meu, era um sonho nosso e deu certo", completa.

Charles comemora hoje a possibilidade de uma vida melhor com o resultado de seu esforço nas lutas, mas ressalta que mantém os pés no chão e ainda quer quebrar recordes no octógono.

"A gente vem colhendo os frutos disso, tendo uma vida um pouco melhor, uma condição um pouco melhor, vivendo mais feliz, mas pés no chão, humilde e vamos para cima, vamos quebrar recorde, vamos fazer história, vamos fazer acontecer", conclui.