Ambulante no Carnaval, Ingrid Oliveira planeja manter 'bicos' para ver irmã
Ingrid Oliveira foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de 2015 nos saltos ornamentais. Também representou o país nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016. Neste domingo (23), aproveitou o Carnaval para complementar a própria renda. Ela e o namorado passaram o fim de semana vendendo cerveja em um bloco na Zona Sul do Rio de Janeiro, conforme noticiou o jornal O Estado de S.Paulo. Ao UOL Esporte, a carioca de 23 anos afirmou que sua ideia é seguir com os serviços informais durante os próximos meses.
A vida de competições hoje é bancada pelo Bolsa Atleta — programa do ministério do Esporte —, pelo salário que recebe do Fluminense, seu clube, e um pequeno complemento de renda da Speedo, marca que também lhe fornece material esportivo. Na temporada passada, porém, ficou sem o financiamento federal.
A saltadora afirma que, por isso, lhe faltam condições hoje para viabilizar uma viagem aos Estados Unidos, onde mora a irmã com quem não se encontra há três anos.
"Resolvi fazer alguma coisa para ganhar dinheiro. O Carnaval estava aí, então falei para meu namorado para a gente vender cerveja. Quando acabasse o Carnaval, ainda falei para ver se a gente conseguia vender milho na praia ou mate, essas coisas, para juntar dinheiro, pois o dólar está muito caro", disse.
Segundo Ingrid, que vai disputar a Copa do Mundo de Saltos em abril para decidir se representará o Brasil na plataforma de 10m em Tóquio 2020, as questões financeiras viraram um problema desde o ano passado. Por questões burocráticas, a atleta não recebeu auxílio governamental.
"Voltei a receber a Bolsa Atleta neste ano, por isso está tão difícil para me manter. Eu morava de aluguel e passei a morar na casa dos meus sogros, porque não dava para me manter", relata a atleta olímpica brasileira.
"Estava para receber o Bolsa Pódio, mas trocou o governo e falaram que não tinham o dinheiro para me pagar. Tecnicamente, desceria para a Bolsa Atleta Olímpica, mas falaram que não ia rolar, pois não tinha mandado a documentação. Mas, não tinha como eu mandar a documentação para as duas bolsas, já tinha enviado para a Pódio, pois o valor era mais alto e eu tinha direito", afirma.
Para ter direito a Bolsa Pódio, o atleta deve atender a critérios definidos, como, por exemplo, estar entre os 20 melhores do ranking mundial ou da prova específica da sua modalidade. O auxílio financeiro varia entre R$ 5 mil e R$ 15 mil e vale por um período de 12 meses.
"Pensamos neste meio de conseguir o dinheiro mais rápido possível. Para piorar, o dólar aumenta cada dia mais, né? [risos]. Torcer para dar uma baixadinha e trocarmos alguns dólares com este dinheiro do Carnaval, pois está muito caro", questiona a saltadora.
Esta não é a primeira vez que Ingrid Oliveira precisou recorrer a uma atividade fora do esporte para complementar a própria renda. A atleta contou que já trabalhou como hostess de eventos e ainda faz "bicos" de modelo para catálogos de biquíni para lojas ou marcas.
Reconhecida no Bloco
Além da reportagem do Estadão, Ingrid recebeu seguidos cumprimentos durante o período de venda no bloco. Agora, com a história pública, a tendência é que mais pessoas abordem a atleta como uma representante olímpica do Brasil que está fazendo "bico" para realizar uma viagem.
"Muita gente falou comigo —'Você é a menina do salto?'—. mas não é como se fosse Bruna Marquezine e Neymar na rua [risos]. Uma mulher era da Sérvia e me reconheceu em um bloco em Ipanema", disse.
Pré-Olímpico
Oitava colocada na plataforma de 10m nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Ingrid Oliveira sofreu com uma lesão no punho e voltou a competir somente neste mês de fevereiro, no Campeonato Brasileiro Interclubes, disputado no Maria Lenk, no Rio de Janeiro.
Com 290,05 pontos, superando os 289,92 necessários para o índice pré-olímpico, a saltadora conseguiu vaga para disputar a Copa do Mundo de Saltos, no Japão. Para ir aos Jogos Olímpicos japoneses, a brasileira precisa ficar entre as 18 melhores da competição em abril.
Ingrid abriu a série Minha história
Alvo de machismo por um caso durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Ingrid Oliveira protagonizou o primeiro relato da série Minha História, do UOL Esporte. A atleta dos saltos ornamentais contou sobre como sofreu com o julgamento misógino, especialmente na internet, por ter feito sexo na Vila Olímpica durante o evento em 2016.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.