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Sem estrelas, Mundial de natação começa nesta quarta

02/04/2002 21h05

Por Guilherme Roseguini
Da Agência Folha
Em São Paulo

A tradição do país em torneios de piscina curta (25 m) e a ausência das grandes estrelas da natação não trarão facilidades para o Brasil subir ao pódio no 6º Campeonato Mundial, que começa nesta quarta-feira em Moscou, na Rússia.

A previsão é da própria comissão técnica da seleção brasileira, que viajou à capital russa com 25 atletas -é terceira maior delegação do torneio, que teve recorde de atletas inscritos (581).

"A possibilidade de medalha existe, mas tenho certeza que será muito difícil. Apesar de as grandes estrelas não estarem presentes, existe muita gente nova de ótima qualidade. Nós estamos bem, mas precisamos ver como estão os outros", disse, de Moscou, Reinaldo Dias, técnico da seleção.

Em cinco Mundiais já realizados, o Brasil, com 24 medalhas, aparece em quinto lugar no ranking geral das nações, atrás de Austrália, EUA, Suécia e Alemanha. O selecionado nacional, porém, não subiu ao pódio nas duas últimas edições do evento (Hong Kong-1999 e Atenas-2000).

Alguns dos principais nomes da natação escolheram não competir em Moscou. É o caso, por exemplo, do australiano Ian Thorpe, principal estrela da modalidade nos últimos anos.

"As competições de curta só começaram a motivar realmente os atletas de ponta em 1997. Algumas delegações resolveram privilegiar torneios em piscina de 50 m, mas o Brasil entende que este campeonato é importante na preparação do grupo que vai a Atenas-2004", explicou Alberto Dias, um dos técnicos da seleção local.

A maior esperança do Brasil em Moscou continua sendo Gustavo Borges, 29, quinto nadador mais premiado do mundo em provas do evento. O paulista soma quatro medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze -amealhadas nas edições de 1993, 1995 e 1997.

Borges, que está balizado com o quarto melhor tempo na prova dos 100 m livre, endossa a opinião dos técnicos sobre a qualidade dos atletas presentes e as expectativas sobre possíveis medalhas.

"Como temos Campeonatos Mundiais todos os anos, é muito difícil reunir todas as grandes forças da natação em um só campeonato. Mesmo assim, quem vem sempre está bem preparado. Nossa equipe ainda é jovem e precisa amadurecer. Só o tempo vai dizer se algum talento pode despontar", disse o nadador.

Borges, que esteve fora das edições em que o Brasil não subiu ao pódio -em 1999 treinava para o Pan-Americano de Winnipeg e em 2000 para a Olimpíada-, também disputará os 200 m livre e os revezamentos 4 x 100 m livre, 4 x 200 m livre e 4 x 100 m medley.

Os brasileiros também aparecem com chances nos 50 m borboleta, prova em que Nicholas dos Santos tem o sexto melhor tempo, nos 50 m peito, com Eduardo Fischer balizado na quinta posição, e no revezamento 4 x 100 m livre, prova em que o país foi bronze em Sydney-2000.

"É preciso tomar algum cuidado ao observar o balizamento porque ele não significa muita coisa. Os resultados são obtidos na água e, assim, precisamos esperar a reação dos brasileiros quando começarem a competir para fazer qualquer previsão", alertou Ricardo Moura, coordenador técnico da seleção.

Outro adversário dos atletas locais que estão em Moscou é o frio. Nesta terça, os termômetros marcavam -6º C na capital russa.

"A água da piscina está oscilando entre 23ºC e 24ºC, um pouco abaixo dos nossos padrões. Nossos nadadores sentiram um pouco a diferença", disse Dias.

Adversidades à parte, 17 brasileiros caem na água nesta quarta no primeiro dia de disputas. Destaque para Borges, que enfrentará o australiano Grant Hackett nos 200 m livre, e Rogério Romero, que chega ao seu nono mundial e disputa a eliminatória dos 100 m costas.

O principal atrativo, porém, é o revezamento 4 x 100 m livre masculino, prova em que o Brasil está balizado com a quarta melhor marca. O 6º Mundial de piscina curta será encerrado no domingo.