Atrás de "revolução", Gary Hall Jr, peita dirigentes e funda clube
Por Guilherme Roseguini
Agência Folha
Em São Paulo
Gary Hall Jr. cansou de ouvir que está velho demais para competir. Decidiu provar que é possível viver de uma modalidade considerada amadora, inventou um projeto sem precedentes e deixou os cartolas em maus lençóis.
O nadador norte-americano de 28 anos, dono de oito medalhas olímpicas, fundou uma organização chamada "The Race Club".
Sua idéia: gerenciar as carreiras de um grupo atletas com potencial olímpico, quebrar parte do vínculo deles com os comitês nacionais e fazê-los prosperar no esporte por um longo tempo.
Por meio de seu site na internet (www. garyhalljr.com), ele recrutou nove nadadores de sete nações diferentes entre centenas de inscritos para o projeto.
Eles vão receber salário e treinarão ao lado de Hall para a Olimpíada de Atenas, em 2004. O grupo ficará concentrado em Islamorada, uma ilha no sul da Flórida.
Até aí, o projeto se assemelha a tantos outros. A grande mudança, porém, aparece nas competições. Hall quer que os atletas defendam seus respectivos países apenas durante Olimpíadas e Mundiais.
No resto do período, o "Race Club" se encarregaria de buscar atividades mais lucrativas que os tradicionais eventos da natação.
"Os comitês nacionais não pensam na vida do atleta a longo prazo. Por isso, muitos competidores abandonam o esporte aos 25 anos", escreve Hall na carta de fundação do "Race Club".
O objetivo é reformular o modelo atual dos campeonatos, que não seriam atraentes para os patrocinadores e para a mídia.
Hall quer promover, por exemplo, disputas no estilo duelo -apenas dois nadadores na piscina, um contra o outro-, mais atrativos às redes de TV.
"Hoje, alguns dirigentes precisam pagar para colocar algumas provas de natação na grade das emissoras. É preciso reverter esse processo", contou Hall.
Sua posição bate de frente com a política dos comitês nacionais, que usam a imagem dos atletas para promover os dirigentes. No Brasil, por exemplo, é comum ver cartolas bradarem que determinado nadador revelação foi formado em sua administração.
"Isso (Race Club) parece uma jogada de marketing. Desafios entre dois nadadores não melhoram a qualidade técnica de ninguém. Isso só acontece em Mundiais, Olimpíadas, Pan-Americanos...", afirmou Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
"Para quebrar o vínculo dos atletas com as entidades de seus países, Gary Hall teria de mudar todo o sistema esportivo mundial. No Brasil, na minha gestão, quebramos todos os recordes de medalhas. Acho que tenho algo a ver com isso, não?", indagou.
Com uma carreira independente no "Race Club", o vínculo dos esportistas com seus países seria sensivelmente reduzido. Os idealizadores do novo projeto, contudo, acreditam que os cartolas não devem criar entraves.
"Somos um complemento para os comitês, que sempre concentram investimentos na procura de novos talentos. Sempre sobra pouca verba para os atletas experientes, e é justamente nesse grupo que vamos investir", disse David Arluck, um dos coordenadores do "Race Club".
Verde e amarelo
No papel, não há nenhum brasileiro entre os nove nadadores que iniciarão no mês que vem os treinamentos na Flórida. Mas a amizade entre Hall e Fernando Scherer, bronze em Atlanta-1996, fez o grupo criar uma exceção.
O catarinense pretende tocar sua carreira em São Paulo no próximo ano, mas cogita aceitar o convite e nadar com o time do "Race Club" esporadicamente.
"O Hall disse que eu posso treinar com eles sempre que puder. Acho que é uma idéia interessante", afirmou o brasileiro.
Agência Folha
Em São Paulo
Gary Hall Jr. cansou de ouvir que está velho demais para competir. Decidiu provar que é possível viver de uma modalidade considerada amadora, inventou um projeto sem precedentes e deixou os cartolas em maus lençóis.
O nadador norte-americano de 28 anos, dono de oito medalhas olímpicas, fundou uma organização chamada "The Race Club".
Sua idéia: gerenciar as carreiras de um grupo atletas com potencial olímpico, quebrar parte do vínculo deles com os comitês nacionais e fazê-los prosperar no esporte por um longo tempo.
Por meio de seu site na internet (www. garyhalljr.com), ele recrutou nove nadadores de sete nações diferentes entre centenas de inscritos para o projeto.
Eles vão receber salário e treinarão ao lado de Hall para a Olimpíada de Atenas, em 2004. O grupo ficará concentrado em Islamorada, uma ilha no sul da Flórida.
Até aí, o projeto se assemelha a tantos outros. A grande mudança, porém, aparece nas competições. Hall quer que os atletas defendam seus respectivos países apenas durante Olimpíadas e Mundiais.
No resto do período, o "Race Club" se encarregaria de buscar atividades mais lucrativas que os tradicionais eventos da natação.
"Os comitês nacionais não pensam na vida do atleta a longo prazo. Por isso, muitos competidores abandonam o esporte aos 25 anos", escreve Hall na carta de fundação do "Race Club".
O objetivo é reformular o modelo atual dos campeonatos, que não seriam atraentes para os patrocinadores e para a mídia.
Hall quer promover, por exemplo, disputas no estilo duelo -apenas dois nadadores na piscina, um contra o outro-, mais atrativos às redes de TV.
"Hoje, alguns dirigentes precisam pagar para colocar algumas provas de natação na grade das emissoras. É preciso reverter esse processo", contou Hall.
Sua posição bate de frente com a política dos comitês nacionais, que usam a imagem dos atletas para promover os dirigentes. No Brasil, por exemplo, é comum ver cartolas bradarem que determinado nadador revelação foi formado em sua administração.
"Isso (Race Club) parece uma jogada de marketing. Desafios entre dois nadadores não melhoram a qualidade técnica de ninguém. Isso só acontece em Mundiais, Olimpíadas, Pan-Americanos...", afirmou Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
"Para quebrar o vínculo dos atletas com as entidades de seus países, Gary Hall teria de mudar todo o sistema esportivo mundial. No Brasil, na minha gestão, quebramos todos os recordes de medalhas. Acho que tenho algo a ver com isso, não?", indagou.
Com uma carreira independente no "Race Club", o vínculo dos esportistas com seus países seria sensivelmente reduzido. Os idealizadores do novo projeto, contudo, acreditam que os cartolas não devem criar entraves.
"Somos um complemento para os comitês, que sempre concentram investimentos na procura de novos talentos. Sempre sobra pouca verba para os atletas experientes, e é justamente nesse grupo que vamos investir", disse David Arluck, um dos coordenadores do "Race Club".
Verde e amarelo
No papel, não há nenhum brasileiro entre os nove nadadores que iniciarão no mês que vem os treinamentos na Flórida. Mas a amizade entre Hall e Fernando Scherer, bronze em Atlanta-1996, fez o grupo criar uma exceção.
O catarinense pretende tocar sua carreira em São Paulo no próximo ano, mas cogita aceitar o convite e nadar com o time do "Race Club" esporadicamente.
"O Hall disse que eu posso treinar com eles sempre que puder. Acho que é uma idéia interessante", afirmou o brasileiro.
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