Ian Thorpe encerra preparação para seletiva australiana
Por Guilherme Roseguini
Agência Folha
Em São Paulo
Quatro medalhas penduradas no peito, três delas de ouro. A melhor performance de toda a Olimpíada de Sydney. Mesmo assim, um sorriso amarelo impregnava seu rosto. Era um ótimo desempenho, mas não o suficiente.
Ian Thorpe não escondeu a decepção. Ele esperava mais. Todos esperavam mais. Só que, em vez de causar danos irreparáveis à sua carreira, as frustrações de quatro anos atrás ajudaram-no a crescer.
O nadador, que realiza amanhã seu último treino antes da seletiva australiana para os Jogos de Atenas -as provas começam sábado e vão até o dia 3 de abril-, está mais maduro, pragmático e rico. E, principalmente, mais seguro do que em 2000.
"Já fui muito mais apegado a buscar recordes e grandes marcas. Mas acho que minha filosofia, desde pequeno, sempre foi a de lutar por minha melhor performance, independentemente dos prêmios que ela pudesse render. É nesse caminho que vou seguir para a Grécia", diz Thorpe, 21, na entrevista concedida à Folha de S. Paulo.
O segredo da mudança de postura, segundo o próprio atleta, foi o reconhecimento das fraquezas. Thorpe descobriu, acima de tudo, que não era imbatível. Até os últimos Jogos, o mundo todo tentava convencê-lo do contrário.
Observado por 17 mil conterrâneos, Thorpe obteve a medalha de ouro olímpica e o recorde mundial nos 400 m livre, 4 x 100 m livre e 4 x 200 m livre na piscina do Sydney Aquatic Centre.
Mas, nos 200 m livre, uma de suas provas favoritas, o "torpedo" sucumbiu. Um holandês de nome complicado, Pieter Van den Hoogenbad, tomou-lhe o lugar mais alto do pódio e a melhor marca do planeta. A data do revés, o mais inusitado da Olimpíada, jamais foi esquecida: 18 de setembro.
"Muita coisa mudou desde aquele dia. Eu troquei de treinador (substituiu Doug Frost por Tracey Menzies) e melhorei meu estilo. Hoje posso dizer que tive progressos", conta o nadador.
De fato aquela foi a última derrota que o australiano sofreu para Hoogenband -ou para qualquer outro competidor nos 200 m livre e nos 400 m livre em campeonatos de ponta. Hoje, Thorpe detém os melhores tempos nestes eventos.
Parece pouco se comparado ao que técnicos e especialistas previam para o futuro daquele desconjuntado rapaz que impressionou o meio aquático em 1998.
Durante o Mundial de Perth, um tal de Ian James Thorpe bateu os favoritos e levou o ouro nos 400 m livre com 15 anos. Era, então, o campeão mais jovem da história.
A expressividade de sua marca (3min46s29), aliada à excepcional estrutura física -tinha na época 1,93 m e pés tamanho 50-, motivou especulações. Diziam, sobretudo, que o nadador poderia igualar os sete ouros olímpicos obtidos por Mark Spitz nas piscinas de Munique, em 1972.
Thorpe não chegou nem perto disso em Sydney. E também não vai chegar em Atenas. Seu objetivo na seletiva australiana é buscar vaga em três provas -400 m livre, 200 m livre e 100 m livre, além dos revezamentos do país.
"Vou me dedicar às minhas principais especialidades. Não adianta tentar abraçar muitas provas e depois não conseguir nadar bem nenhuma delas", diz.
Ele desistiu até de tentar um lugar nos 200 m medley, evento no qual obteve a medalha de prata no Mundial de Barcelona, em 2003.
De carro a cueca
Fora das piscinas, a opção de evitar projetos faraônicos e concentrar esforços em eventos específicos já surtiu efeito.
Em Sydney-2000, Thorpe emprestava seu nome e sua imagem de vencedor para seis patrocinadores. Hoje, 13 marcas das mais diferentes áreas possuem contrato com ele. O leque abriga desde empresas de material esportivo (Adidas), até a indústria automobilística (Audi), passando por grifes como a Emporio Armani.
Resta saber, agora, se os resultados dentro d"água em 2004 também trarão boa ventura.
Até aqui, ele fez sua parte. Em uma das raras aparições, competiu em no torneio estadual de Nova Gales do Sul, em janeiro. Nadou as eliminatórias dos 200 m livre e não obteve um tempo bom.
Julgou o resultado normal, pois estava treinando pesado para a Olimpíada. Sua técnica, porém, praguejou. "Nas finais, quero ver você fazer tudo o que pode."
Thorpe, então, vestiu o já tradicional traje preto que cobre todo o corpo (diminui o atrito da pele com a água) e foi para a piscina tentar a sorte. "Olhem, aquele é Ian Thorpe, e ele está vestido para matar", avisou o narrador do evento. Resultado: 1min46s65, a melhor marca lograda neste ano.
Agência Folha
Em São Paulo
Quatro medalhas penduradas no peito, três delas de ouro. A melhor performance de toda a Olimpíada de Sydney. Mesmo assim, um sorriso amarelo impregnava seu rosto. Era um ótimo desempenho, mas não o suficiente.
Ian Thorpe não escondeu a decepção. Ele esperava mais. Todos esperavam mais. Só que, em vez de causar danos irreparáveis à sua carreira, as frustrações de quatro anos atrás ajudaram-no a crescer.
O nadador, que realiza amanhã seu último treino antes da seletiva australiana para os Jogos de Atenas -as provas começam sábado e vão até o dia 3 de abril-, está mais maduro, pragmático e rico. E, principalmente, mais seguro do que em 2000.
"Já fui muito mais apegado a buscar recordes e grandes marcas. Mas acho que minha filosofia, desde pequeno, sempre foi a de lutar por minha melhor performance, independentemente dos prêmios que ela pudesse render. É nesse caminho que vou seguir para a Grécia", diz Thorpe, 21, na entrevista concedida à Folha de S. Paulo.
O segredo da mudança de postura, segundo o próprio atleta, foi o reconhecimento das fraquezas. Thorpe descobriu, acima de tudo, que não era imbatível. Até os últimos Jogos, o mundo todo tentava convencê-lo do contrário.
Observado por 17 mil conterrâneos, Thorpe obteve a medalha de ouro olímpica e o recorde mundial nos 400 m livre, 4 x 100 m livre e 4 x 200 m livre na piscina do Sydney Aquatic Centre.
Mas, nos 200 m livre, uma de suas provas favoritas, o "torpedo" sucumbiu. Um holandês de nome complicado, Pieter Van den Hoogenbad, tomou-lhe o lugar mais alto do pódio e a melhor marca do planeta. A data do revés, o mais inusitado da Olimpíada, jamais foi esquecida: 18 de setembro.
"Muita coisa mudou desde aquele dia. Eu troquei de treinador (substituiu Doug Frost por Tracey Menzies) e melhorei meu estilo. Hoje posso dizer que tive progressos", conta o nadador.
De fato aquela foi a última derrota que o australiano sofreu para Hoogenband -ou para qualquer outro competidor nos 200 m livre e nos 400 m livre em campeonatos de ponta. Hoje, Thorpe detém os melhores tempos nestes eventos.
Parece pouco se comparado ao que técnicos e especialistas previam para o futuro daquele desconjuntado rapaz que impressionou o meio aquático em 1998.
Durante o Mundial de Perth, um tal de Ian James Thorpe bateu os favoritos e levou o ouro nos 400 m livre com 15 anos. Era, então, o campeão mais jovem da história.
A expressividade de sua marca (3min46s29), aliada à excepcional estrutura física -tinha na época 1,93 m e pés tamanho 50-, motivou especulações. Diziam, sobretudo, que o nadador poderia igualar os sete ouros olímpicos obtidos por Mark Spitz nas piscinas de Munique, em 1972.
Thorpe não chegou nem perto disso em Sydney. E também não vai chegar em Atenas. Seu objetivo na seletiva australiana é buscar vaga em três provas -400 m livre, 200 m livre e 100 m livre, além dos revezamentos do país.
"Vou me dedicar às minhas principais especialidades. Não adianta tentar abraçar muitas provas e depois não conseguir nadar bem nenhuma delas", diz.
Ele desistiu até de tentar um lugar nos 200 m medley, evento no qual obteve a medalha de prata no Mundial de Barcelona, em 2003.
De carro a cueca
Fora das piscinas, a opção de evitar projetos faraônicos e concentrar esforços em eventos específicos já surtiu efeito.
Em Sydney-2000, Thorpe emprestava seu nome e sua imagem de vencedor para seis patrocinadores. Hoje, 13 marcas das mais diferentes áreas possuem contrato com ele. O leque abriga desde empresas de material esportivo (Adidas), até a indústria automobilística (Audi), passando por grifes como a Emporio Armani.
Resta saber, agora, se os resultados dentro d"água em 2004 também trarão boa ventura.
Até aqui, ele fez sua parte. Em uma das raras aparições, competiu em no torneio estadual de Nova Gales do Sul, em janeiro. Nadou as eliminatórias dos 200 m livre e não obteve um tempo bom.
Julgou o resultado normal, pois estava treinando pesado para a Olimpíada. Sua técnica, porém, praguejou. "Nas finais, quero ver você fazer tudo o que pode."
Thorpe, então, vestiu o já tradicional traje preto que cobre todo o corpo (diminui o atrito da pele com a água) e foi para a piscina tentar a sorte. "Olhem, aquele é Ian Thorpe, e ele está vestido para matar", avisou o narrador do evento. Resultado: 1min46s65, a melhor marca lograda neste ano.
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