Topo

Índices para 2010 testam efeito de supermaiôs e boom da natação brasileira

Bruno Doro

Em São Paulo

01/12/2009 14h00

Os tempos ainda não foram anunciados, mas uma certeza existe. Os índices de classificação da natação para as principais competições de 2010 irão testar o novo momento da modalidade em todo planeta. Com os novos trajes, será possível sentir o real efeito dos supermaiôs, aqueles feitos de poliuretano, que ajudavam os nadadores nos tempos dos últimos dois anos. No Brasil, esse fenômeno será ainda maior. A revolução pela qual  a modalidade passou por aqui veio lado a lado com os novos trajes.

“O problema é que ninguém sabe o tamanho da influência dos trajes. No ano que vem, a gente pode perceber, por exemplo, que os tempos nos estilos livres e costas não foram tão afetados, mas que no peito, no borboleta e no medley, a mudança foi grande. Essa é uma discussão importante e que precisa ser feita com cuidado”, analisa Alberto Silva, o Albertinho, técnico da seleção brasileira.

A grande dúvida paira sobre os parâmetros usados para a definição dos índices. Ainda não existem pesquisas sobre os efeitos dos trajes, mas treinadores preveem que os tempos devem subir a partir de 1º de janeiro, quando só bermudas (macaquinhos para as mulheres) serão permitidas. Se isso se confirmar, apenas a elite dentro da elite terá, pelo menos no período de adaptação, chance de se classificar para os grandes eventos.

Para 2008, os índices olímpicos foram baseados nas marcas da final olímpica (índice A) e da semifinal (índice B) de Atenas-2004. Mantendo esse critério, nos 100m livre, por exemplo, o índice evoluiria mais de um segundo (de 49s23 para 48s11), usando tempos de Pequim-2008, obtidos com supermaiôs.

A Fina (Federação Internacional de Natação) já começou a discutir o assunto. Ricardo de Moura, membro do conselho da entidade e coordenador da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), explica que tempos e impacto dos trajes serão analisados, mas não acredita em mudanças radicais.

“Vai haver um estudo. Vai ser discutida a necessidade de readaptação dos tempos. Mas eu, particularmente, acho que evolução que vimos nos tempos vai continuar [sem os maiôs]. Você não consegue parar a tecnologia. Houve limitação de área no corpo, mas os métodos de treinamento também melhoraram muito”, conta.

Apesar da incerteza desse impacto, a natação brasileira já pensa em mudanças para 2010. O salto de qualidade visto nas piscinas verde-amarelas em 2009 vai fazer a CBDA a rever os critérios de convocação de atletas para a seleção nacional. Para o Pan-Pacífico e o Mundial de Dubai, prioridades de 2010, um limite no número de atletas pode ser adotado.

“Hoje, a natação brasileira está em outro nível. Demos um pulo de qualidade. Para definir as seleções, temos um volume grande de atletas de alto nível. Esse é um problema bom”, afirma Moura. “Para Pan-Pacífico e Mundial, vamos fazer (a convocação) como sempre fizemos. Ou estipulamos índices ou número de atletas”.

Em 2009, a CBDA não estipulou o tamanho da delegação e acabou surpreendida. No Mundial de Roma, em agosto, 28 nadadores fizeram parte da equipe, quase o dobro em relação à última edição do evento (15 em Melbourne-2007).