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Após confusão, recorde fica no quase: Cielo faz 2ª melhor marca da história

Bruno Doro

Em São Paulo

17/12/2009 17h56

O recorde mundial de César Cielo não veio nesta quinta-feira. Após minutos de tensão na piscina do Pinheiros, em São Paulo, o brasileiro campeão olímpico foi oito centésimos mais lento do que o francês Fred Bousquet na prova mais rápida da natação.

Na final dos 50m livre do Brasileiro Sênior, Cielo marcou 21s02, melhorando sua marca pessoal de 21s08, feita no Mundial de Roma, em agosto. Mesmo assim, o recorde mundial segue sendo de Bousquet, com 20s94, da seletiva francesa, no primeiro semestre, único tempo já registrado na casa dos 20 segundos.

Antes de cair na piscina, o clima já não era o melhor. Uma bateria antes de Cielo cair na água, os juízes fizeram uma trapalhada. Ao obrigar Marco Antonio Sapucaia a trocar de maiô, obrigaram também os atletas que nadariam a última prova dos 50m livre do dia a esperar.

Cielo era um deles. Foram quase dez minutos já do lado da raia, sob os olhares de todos. A concentração para a prova foi embora e o dono de duas medalhas de ouro no último Campeonato Mundial, em Roma, teve de reencontrar o foco. Conseguiu, mas não o suficiente para bater o recorde.

"AQUELA PAUSA QUEBROU TODO MUNDO", DIZ RIVAL

Nicholas Santos, medalhista de prata na prova com 21s61, admitiu que o atraso atrapalhou todos que nadaram na bateria. Segundo ele, o tempo que o campeão olímpico fez é surpreendente, considerando as condições em que foi obtido.
"Você fica parado, o maiô aperta, o óculos embaça. Tudo atrapalha. Ninguém se prepara para isso. Não sei se foi isso que impediu o Cesão de bater o recorde, mas é claro que influiu no resultado", disse.
Técnico de Cielo e Santos, Alberto Oliveira, também esperava mais. "Não foi o que a gente achava que ele iria fazer", disse. Ele, porém, evita afirmar que o atraso foi o grande culpado. "Pode ser. O pessoal reclamou, mas é difícil falar. Ele fez a melhor prova da vida dele".

“Mais que o recorde, o que eu queria mesmo era ter quebrado a barreira dos 20 segundos”, lamentou. Ele tentou evitar críticas fortes à organização, mas não conseguiu. “É claro que o atraso atrapalhou. Não tem jeito. Se fosse em qualquer Campeonato Mundial, nunca esperariam cinco minutos para trocar o maiô”.

Apesar da decepção, ele terá uma segunda chance. Na sexta-feira pela manhã, ele pode nadar o Torneio Open, que reúne os dois melhores tempos do dia anterior. “É claro que tinha mais chance agora do que amanhã, mas tem que acreditar. Quem sabe não aparece uma surpresa”, completa.

Na quarta-feira, Cielo já tinha ficado perto de recordes. Ele fez a quinta melhor marca da história nos 100 m livre, com o tempo de 47s13 - prova que detém o recorde mundial com 46s91.

A segunda melhor marca da história dos 100 m livre é do australiano Eamon Sullivan, 47s05. O francês Alain Bernard fez 46s94, mas o tempo não foi considerado pela Fina, o seu melhor tempo válido são os 47s12, que lhe garantiram a prata no Mundial. As outras três são do brasileiro.