Topo

Técnico prevê dois anos para que Cielo, sem supermaiôs, volte ao nível atual

Bruno Doro

Em São Paulo

18/12/2009 07h01

Em Londres-2012, César Cielo poderá voltar aos tempos que marca atualmente. Até lá, o maior nadador que o Brasil já teve terá de reaprender a nadar. O vilão é o fim dos supermaiôs. A previsão, do australiano Brett Hawke, técnico do campeão olímpico.

Segundo ele, o processo de adaptação ao fim dos trajes tecnológicos, proibidos a partir de 1º de janeiro, será diferente para cada nadador. A decisão da Fina (Federação Internacional de Natação) de banir os trajes tecnológicos acabam não apenas com a era de aumento na flutuação, mas com os materiais que cobrem o corpo inteiro e diminuem o atrito com a água ou fazem contração muscular. E Cielo faz parte de uma geração que, desde que chegou ao alto nível, nunca competiu de sunguinha.

“Os tempos que foram marcados com os trajes não são impossíveis de serem repetidos. Mas é claro que isso não vai acontecer de uma hora para outra. No começo, um ou dois atletas vão fazer os tempos. Serão poucos, mas vão mostrar que existe um caminho para nadar bem sem os maiôs. Depois, quatro ou cinco vão chegar a esse nível. Em alguns anos, todos esses recordes estarão ao alcance dos nadadores novamente”, analisa Hawke.

Para ele, o processo de adaptação de Cielo chega ao fim junto com o ciclo olímpico que está começando. Em 2012, o brasileiro já estará adaptado às mudanças, já saberá o que fazer para que seu corpo reaja do mesmo jeito que reage hoje em dia. “Olhando para o César, acho que em dois anos ele estará repetindo esses tempos. Ele já é um campeão, não precisa aprender a vencer. Ele já sabe como fazer isso. O que precisa é saber como nadar sem os trajes”.

No Brasil pela primeira vez como técnico de Cielo, Hawke falou um pouco sobre as mudanças que passou desde que viu um pupilo conquistar a medalha de ouro olímpica. Após 2008, ele se tornou referência no treino de velocistas no planeta. Treinam com ele não apenas Cielo, recordista mundial dos 100m livre, campeão mundial dos 100m e 50m e campeão olímpico dos 50m, mas Fred Bousquet, recordista mundial dos 50m livre – e dono da marca que o brasileiro tanto cobiça.

Neste ano, se tornou o técnico principal da natação da Universidade de Auburn, nos EUA. “Agora, eu posso mandar meus auxiliares cuidarem de tudo o que está em volta e posso me dedicar ao que realmente importa, o treinamento”, conta o australiano, que nos últimos meses recebeu a cidadania dos EUA – e, com issos, virou candidato para treinar a seleção norte-americana.

Junto com as mudanças, veio o assédio: “Todos os dias são 5, 10 e-mails de pessoas pedindo para treinar comigo. Mandam os tempos e contam sua historia, mas na maioria das vezes digo apenas obrigado. Às vezes, aparece um ou outro que vale a pena. Aí eu olho com mais cuidado. Mas é muito raro”. “Eu já tenho Cesar, Fred (Bousquet), George Bovell, Matt Targett, gente muito boa. Não estou tentando fazer esse time melhor; esse time já é bom e tenho de me concentrar no que eu tenho. Mas César é minha prioridade número 1”.