Após títulos treinando nos EUA, Cielo bate recorde treinando seis meses no Brasil
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Albertinho e Brett Hawke comemoram após o recorde mundial de Cielo: australiano veio ao Brasil para assistir ao Open, mas toda a preparação para a marca foi coordenada pelo brasileiro, no Pinheiros
Quando César Cielo saiu da piscina com o recorde mundial dos 50m livre, na última sexta-feira, deu um longo abraço em Alberto Silva, o Albertinho. “Isso é para ele”. A homenagem, além de mostrar o reconhecimento pelo valor do técnico com quem trabalhou desde os 16 anos, era a prova de que Cielo pode ser Cielo também no Brasil.
Toda a sua preparação para o último torneio do ano, em que nadou os 50m livre em 20s91, foi feita em São Paulo, na piscina do Pinheiros. Nada do australiano Brett Hawke ou do isolamento de Auburn, no Alabama, onde se preparou longe do assédio e da pressão para o ouro olímpico e dois títulos mundiais.
Dessa vez, os treinos tiveram de conviver com a agenda lotada, com fãs querendo autógrafo, inúmeras entrevistas e vários eventos de patrocinadores. Entre o Mundial de Roma, em Agosto, e o Torneio Open, último evento de 2009, Cielo teve, por exemplo, duas viagens oficiais. Foi para Copenhague, na Dinamarca, para acompanhar a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
E foi para o Canadá para participar do revezamento da tocha para os Jogos de Inverno de 2010. Nos dois eventos, procurou piscinas, para treinar sozinho. “Os méritos são do Albertinho. Foi muito difícil organizar os treinos. Não foi a temporada ideal. E mesmo assim, ele sempre conseguiu fazer as adaptações necessárias. No começo, eu não estava bem, as coisas não estavam encaixando. Mas no final, tive a melhor temporada da minha vida”.
O choro de Albertinho ao ver o que Cielo fez na piscina mostrou que o mestre também estava impressionado. No dia anterior, o nadador tinha entregado um pedaço de papel ao treinador, com o tempo que queria fazer. A marca de 20s86 estava rabiscada. O recorde não foi tão rápido, mas bastou.
“Não vou conseguir”, tentou Albertinho, soluçando, antes de firmar a voz. “Estou há muito tempo aqui no clube. Passei uma parte muito grande da minha vida aqui dentro. Eu nunca imaginei que um dia veria isso. Só posso agradecer por ter feito parte dessa conquista”, completou o treinador.
Até mesmo o australiano Brett Hawke, que deixou o Mundial de Roma como o principal mentor de velocistas do planeta, se rendeu ao brasileiro. “O trabalho que Alberto fez com César foi incrível. Eu fiquei seis meses sem trabalhar com ele e, quando cheguei, o vi na melhor forma de sua vida. Isso mostra que o grande beneficiado por isso é o César, que tem dois técnicos que se dedicam a ele”, disse Hawke.
Albertinho também reconheceu o papel importante que Hawke, e a mudança para os EUA, fizeram para Cielo. “Ele cresceu muito quando mudou para os Estados Unidos. Virou um atleta muito mais consciente do que pode fazer. E já falei com o Brett. Quem sabe eu não fico seis meses em Auburn e o ele, seis meses aqui? Assim o Cielo terá dois treinadores todo o tempo”, brincou.
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