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Filho do ex-árbitro Cláudio Cerdeira, Tales ignora supermaiôs para 'virar grande'

Tales Cerdeira festeja o seu ouro nos 100 m peito - Satiro Sodré/CBDA/Divulgação
Tales Cerdeira festeja o seu ouro nos 100 m peito Imagem: Satiro Sodré/CBDA/Divulgação

Bruno Doro

Em Santos (SP)

06/05/2010 12h44

Nem Felipe França, nem Henrique Barbosa. A grande estrela do Troféu Maria Lenk, pelo menos no nado peito, se chama Tales Cerdeira. Filho do ex-árbitro de futebol Cláudio Cerdeira, ele venceu os 100m e os 200m peito na piscina da Unisanta, em Santos, com direito a tempos, nas duas provas, entre os 10 melhores do mundo na temporada.

“Nem eu esperava esses resultados. É a melhor competição da minha vida. Ano passado eu fui muito bem nos 200m, mas não nos 100m. Agora, isso mudou”, comemora o nadador de 23 anos. “É importante ter feito essas marcas. Agora, você chega aos campeonatos internacionais respeitado, não é só mais um”.

A maior prova disso é o novo status de Tales no ranking mundial: nos 200m peito, sua especialidade, ele é o quinto colocado (2min10s91). Nos 100m, é o oitavo (1min01s12). “Cheguei aqui como um nadador de 200m peito. Saio como nadador de peito. Acho que vou até arriscar os 50m peito, quem sabe não dá certo?”

Com 1,82 e 72kg, ele é o protótipo do nadador que foi beneficiado com a “nova natação”. Leve e rápido, sua adaptação à proibição dos supermaiôs foi mais rápida do que rivais como Felipe França – 1,86m e 90kg. “Sempre fui mais leve e os trajes não mudaram muito meus resultados. Tanto que melhorei meu resultado nos 100m e, nos 200m, não piorei tanto quanto estavam esperando”. No ano passado, ele fez a prova em 2min09s31, menos de um segundo abaixo do tempo atual.

MUSCULAÇÃO É A ARMA
SEM OS SUPERMAIÔS

"Perdi cinco quilos de gordura. Ganhei em músculos. É preciso fazer muita força agora que o traje não ajuda mais a manter o corpo em cima". A frase é do vice-campeão mundial Felipe França. E mostra como os nadadores estão encarando a nova era da natação mundial, sem os supermaiôs que impulsionaram mais de 100 recordes mundiais no ano passado e estão banidos das piscinas desde 1º de janeiro.

Segundo todos consultados pela reportagem do UOL Esporte, os trajes de poliuretano representavam ganho de flutuabilidade aos nadadores. Quem se beneficiava mais eram os nadadores mais fortes e pesados, que não precisavam fazer tanta força para ficar na superfície. "Para alguns atletas, o traje representava aquela diferença entre um tempo muito bom e um recorde mundial", explica Alberto Silva, o Albertinho, técnico do Pinheiros.

O artífice dessa mudança foi Alberto Silva, o Albertinho. Mentor de Cesar Cielo, o treinador passou a trabalhar com Tales após o Mundial do ano passado. Antes, o carioca era orientado por Arílson Soares, o mesmo que levou Felipe França ao vice-campeonato mundial no ano passado.

“Treinar com o Albertinho foi muito importante. Eu evolui tecnicamente, fisicamente, psicologicamente. O perfil de treinos dele se adequava melhor ao meu estilo”, explicou.

Em segundo lugar, o favorito Henrique Barbosa (1min01s81) admitiu que não teve os resultados que esperava. “Eu senti muito no final, tanto dos 200m, quanto dos 100m. Mesmo assim, ainda fiquei em segundo. É um bom sinal que, mesmo sem estar realmente preparado, estou acompanhando o pessoal. O Tales mostrou que pode se tornar um grande nadador”.

No feminino, a vitória ficou com Carolina Mussi, 1min11s74, à frente de Ana Carla Carvalho (1min12s11) e Tatiane Sakemi (1min12s20). A final foi apertada, com Carolina chegando à ponta só no final, após virar em terceiro lugar. As três são parceiras de treino em São Paulo. “É minha característica. Até nos treinos acontece assim, chegando sempre no final”, explicou.

Nos 400 m, Joanna vence 'briga' de medalhistas

Para fechar o dia, Joanna Maranhão conquistou sua terceira medalha no Maria Lenk, a segunda de ouro – a primeira foi nos 400m medley e o outro pódio, no revezamento 4x50m. Ela venceu os 400m livre com 4min13s49, em disputa acirrada com outra multimedalhista da competição: Poliana Okimoto (4min13s56). Ouro nos 800m e bronze nos 200m, agora a corintiana também é prata nos 400m livre. Na prova masculina, vitória para Armando Negreiros, com 3min55s29.

Na semifinal dos 50m costas, os competidores sofreram com um problema técnico no placar eletrônico. A primeira bateria da prova feminina foi disputada, mas a cronometragem não foi acionada. A organização alegou problema técnico. As nadadoras tiveram de nadar novamente, minutos depois. A melhor do dia foi Fabíola Molina, com 28s52. No masculino, quem liderou foi Guilherme Guido, com 25s58.