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Em transição, Felipe França já brilha em provas longas. Mas só em piscina curta

<strong>A ILUMINAÇÃO DIVINA</strong><br><br>  Felipe França contou um fato inusitado após ganhar o ouro da prova dos 200m peito, nesta terça-feira, no troféu José Finkel. O atleta afirmou que sua vitória foi alcançada depois de um pedido de Deus. <br><br> "Vou te contar uma história. Fui à igreja na semana passada e Deus me disse para eu nadar forte a prova dos 200m. Quem sou eu para questionar um pedido Dele e cumpri o que disse. O resultado chegou e ganhei o ouro. Agradeço muito a Ele", afirmou.  - Satiro Sodré/Divulgação
<strong>A ILUMINAÇÃO DIVINA</strong><br><br> Felipe França contou um fato inusitado após ganhar o ouro da prova dos 200m peito, nesta terça-feira, no troféu José Finkel. O atleta afirmou que sua vitória foi alcançada depois de um pedido de Deus. <br><br> "Vou te contar uma história. Fui à igreja na semana passada e Deus me disse para eu nadar forte a prova dos 200m. Quem sou eu para questionar um pedido Dele e cumpri o que disse. O resultado chegou e ganhei o ouro. Agradeço muito a Ele", afirmou. Imagem: Satiro Sodré/Divulgação

Bernardo Feital

No Rio de Janeiro

22/09/2010 15h25

Quando todos os nadadores estão alinhados nos blocos de largada, o porte físico de Felipe França espanta: 99kg de muita massa muscular que não combinam com os corpos esguios de seus companheiros. Maior arma do nadador, seu físico incomum é também o maior obstáculo. E, pelo menos em piscina curta, ele começa a superar essa barreira.

Mais pesado que o nadador comum, mas muito mais forte, Felipe França é um dos mais rápidos do mundo na prova dos 50m peito. A distância, no entanto, não é olímpica e, para brilhar em Londres-2012 ou Rio-2016 ele precisará fazer a transição para os 100m ou 200m peito. Nas piscinas de 50 metros, ele ainda não conseguiu.

Mas nesta semana, no Troféu José Finkel, ele tem mostrado que, pelo menos em raias de 25 metros, as distâncias mais longas estão ficando mais fáceis. O maior exemplo veio nos 200m peito, que teve final na terça-feira pela manhã. Mesmo contra especialistas da distância, como Tales Cerdeira e Henrique Barbosa, ele venceu.

A prova não foi das mais ortodoxas. Ele começou na frente, foi ultrapassado na marca dos 150m, mas atropelou os rivais nos últimos 25m. Felipe, evangélico fervoroso, disse que a vitória foi obra de Deus. Mas a explicação pode ser, também, o trabalho que está sendo feito ao lado de seu técnico, Arilson Soares.

Os dois sabem que, em piscina curta, o físico de Felipe não atrapalha tanto. Com mais viradas, a parte submersa compensa a “falta de gás” que o explosivo nadador costuma apresentar nos 100m peito. Para que isso aconteça também na piscina longa, o segredo será perder peso. O objetivo é chegar o mais próximo possível dos 90kg.

“Estou muito satisfeito com os meus resultados desta temporada. Consegui uma boa marca em uma prova longa como os 200m peito, aqui no Finkel. Na piscina curta, minha força física, explosão e o diferencial na parte submersa contam para uma prova mais longa. Mas para melhorar na piscina olímpica, espero perder uns oito quilos”, avisou o ex-recordista e atual vice-campeão mundial dos 50m peito (em piscina olímpica).

Para conseguir alcançar o peso esperado, o nadador conta com a vigilância de Ari dentro e fora da piscina. “Dentro da piscina, nós sabemos do potencial dele e ele é um dos melhores do mundo. Agora, na parte de fora, temos de ter um cuidado especial na parte alimentar dele e física. Esta é a briga dele, pois temos de baixar seu peso”, afirmou.

A relação entre comandado e comandante é bastante amistosa. Muito religioso, Felipe França elogia muito seu treinador. “Me sinto muito honrado em treinar com ele. Deus botou ele no meu caminho e está dando muito certo”, disse o nadador.

Na parceria que já dura seis anos, Ari conta que a dupla já estremeceu. “Como qualquer equipe, às vezes ocorrem alguns problemas. Mas como ele mesmo gosta de dizer: há algo mais forte que nos une”, salientou.

Ligação divina ou não, os dois seguem forte em busca de melhora nos resultados. Como objetivo, uma boa participação nas Olimpíadas de Londres, em 2012. E, na visão do treinador, a expectativa é grande. “Vamos em busca de uma medalha olímpica”, encerrou.