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Ana Marcela usa 'regalia' de campeã, dribla overbooking e chega sem assédio

Roberta Nomura

Em Guarulhos (SP)

25/10/2010 23h56

Ana Marcela Cunha voltou ao Brasil nesta segunda-feira com o título da Copa do Mundo de maratona aquática. Nem por isso foi alvo do assédio da torcida. Mas foi recebida pela família e pela imprensa no aeroporto de Guarulhos. Na verdade, o status de campeã mundial ajudou mesmo a nadadora a driblar o overbooking e a embarcar antes do restante da delegação brasileira.

CAMPANHA QUE RENDEU TÍTULO MUNDIAL À BRASILEIRA ANA MARCELA CUNHA

1ª Etapa (Brasil) - 1º lugar
2ª Etapa (Argentina) - 4º lugar Ouro
3ª Etapa (Portugal) - 2º lugar
4ª Etapa (Canadá) - 3º lugar (foto)
5ª Etapa (China) - 9º lugar
6ª Etapa (Hong Kong) - 4º lugar
7ª Etapa (México) - 1º lugar
8ª Etapa (Emirados Árabes) - 3º lugar

A atleta de 18 anos sagrou-se campeã da Copa do Mundo no último sábado, ao ficar com o bronze na última prova do ano no Emirado de Al Fujairah, nos Emirados Árabes. Com o título assegurado, Ana Marcela tinha voo marcado para esta segunda juntamente com os demais brasileiros e se surpreendeu no embarque.

“Eu não tinha como voltar. O cara falou que eu nem estava lá e tive que mostrar o carimbo no meu passaporte. Depois teve o problema do overbooking [quando a venda é maior do que a capacidade do avião]”, contou a nadadora. Ao ser questionada se o fato de ser campeã mundial ajudou no imbróglio, ela revelou que sim. “Ah, é. Sou campeã agora. Mas tivemos que falar que eu tinha uma reunião de manhã e acabamos conseguindo”. O restante da delegação brasileira chega nesta terça-feira.

No chegada ao Brasil, Ana Marcela passou despercebida. Antes da nadadora aparecer no setor de desembarque, a presença da imprensa provocou curiosidade nos presentes. As pessoas perguntavam para os jornalistas quem iria chegar e, ao ouvir a resposta, rebatiam com: "não conheço". A jovem de 18 anos foi recebida pela família. Ganhou um longo abraço da mãe e, após conceder entrevista, caminhou pelo aeroporto sem ser assediada. 

Mas a 'desconhecida' Ana Marcela entrou na disputa nos Emirados Árabes na liderança do ranking da Copa do Mundo com os resultados obtidos ao longo da temporada: ouro nas etapas do Brasil e México, prata em Portugal, bronze no Canadá, quarto lugar na Argentina e em Hong Kong e o nono lugar na China. E classificou a prova de sábado como a mais difícil.

“Todas as provas são complicadas. Uma é muito fria, outra muito quente. Mas esta última foi a pior mesmo. É a que decide, porque vale o dobro. Tem a pressão de ter que terminar para valer os pontos do ranking e estava realmente muito calor”, disse Ana Marcela.

A nadadora de 18 anos falou que a temperatura da água no Emirado de Al Fujairah chegou a 33ºC. E a prova acabou marcada pela morte do norte-americano Francis Crippen, campeão dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro-2007. “São 10 km e desidrata mesmo. Com o calor desidrata ainda mais. Tem que se alimentar mais. Uma hora, o desgaste vai subindo e não aguenta mais mesmo. Logo que você entra no mar, a língua incha e dá sede”, falou.

A morte de Crippen provocou o cancelamento das premiações. “Não teve pódio, me chamaram de canto para entregar a medalha e o troféu”, revelou Ana Marcela. Mas o episódio não estragou a festa brasileira. “Eu não sabia de nada. A comemoração foi muito boa, calorosa. Eu fiquei sabendo depois do doping. A gente só ouvia que ele estava desaparecido. É lamentável. Ele tinha só 26 anos e conversava com todo mundo, independente do país”, completou.