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Jessica Hardy se cala sobre punição por doping e declara alívio por permissão olímpica

Jessica Hardy durante os 50 metros livre no Troféu Maria Lenk de Natação  - Satiro Sodré/Divulgação CBDA
Jessica Hardy durante os 50 metros livre no Troféu Maria Lenk de Natação Imagem: Satiro Sodré/Divulgação CBDA

Guilherme Coimbra

No Rio de Janeiro

06/05/2011 17h41

 

Jessica Hardy tem um bom motivo para estar eufórica no Trófeu Maria Lenk. É sua primeira competição desde que, no último dia 28, o Comitê Olímpico Internacional (COI), numa decisão polêmica, confirmou que ela está livre para disputar as Olimpíadas de Londres.

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  • Satiro Sodré/CBDA

    O baixo desempenho da natação feminina brasileira é a marca até agora do Troféu Maria Lenk, o Campeonato Brasileiro Absoluto, que termina no domingo. A competição é última oportunidade de classificação para o Mundial de Xangai, em julho. Até agora, a seleção brasileira tem apenas duas atletas com vaga no feminino em provas individuais, contra 11 homens.

    Por enquanto, Fabíola Molina e Daynara de Paula são as únicas classificadas. As duas já chegaram ao Júlio de Lamare com índice para o Mundial. Fabíola, nos 100m costas e Daynara, nos 100m borboleta. Apesar de continuarem sozinhas no grupo para a China, as duas defendem as colegas.

    “Acho um erro criticar a natação feminina só por causa dos poucos índices para Xangai”, defende Daynara. “É só um mau período, do qual todo o mundo vai sair muito mais forte. A natação brasileira vai ser muito bem representada no Pan, nos Jogos Mundiais Militares e tenho certeza de que no ano que vem muitas de nós vamos fazer índice para Londres.”

Apesar da felicidade evidente, Hardy não fala sobre o processo. Prefere descrever a sensação de voltar a se dedicar exclusivamente ao que sabe fazer melhor. “Estou vivendo o momento mais emocionante da minha vida”, conta. “Estou muito aliviada, porque (a suspensão) era algo que fugia ao meu controle. Agora eu posso me concentrar. Mal posso esperar para estar em Londres.”

Em julho de 2008, um teste preventivo da seleção americana de natação acusou a presença de clenbuterol, um broncodilatador. Jessica pediu dispensa da seleção, ficou fora dos Jogos de Pequim e decidiu processar a empresa de suplementos que, segundo ela, fora a responsável pelo doping. Em represália, a empresa , que era um de seu patrocinadores pessoais, abriu um processo contra ela por calúnia.

Jessica teve a pena reduzida de dois para um ano e voltou a competir em agosto de 2009, quando quebrou o recorde mundial dos 50m peito. Mas a Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês) questionou o relaxamento da suspensão.

A batalha final foi vencida em maio do ano passado, quando a Corte Arbitral do Esporte (CAS) desestimou o recurso da WADA. No mês passado, o COI ratificou a condição de Hardy para Londres. A decisão contradiz o artigo 45 da Carta Olímpica, que prevê a exclusão da edição seguinte dos Jogos Olímpicos de qualquer atleta suspenso por mais de seis meses.

Alheia às críticas, a americana está competindo no Brasil como se estivesse em casa. Completamente confortável no Rio, já sonha com os Jogos de 2016.  Foi Thiago Pereira, companheiro de Hardy no Trojan Swin Club, nos EUA, quem a convenceu a vir ao Rio no ano passado.

Hardy nadou o José Finkel, no parque aquático Maria Lenk, e conquistou quatro medalhas de ouro para o Flamengo. “O Rio é um lugar sensacional para se visitar. A cultura é fantástica, as pessoas são muito legais e eu adoro o clima quente”, comenta a nadadora californiana.

Nos quatro primeiros dias das finais do Maria Lenk, Jessica Hardy já rendeu quatro medalhas ao Flamengo. Estabeleceu o novo recorde do campeonato nos 50m livre, sua especialidade, com o tempo de 24s80, chegou em segundo nos 100m peito e ajudou o rubro-negro a faturar a prata nos 4x200m e o bronze nos 4x50m livre.

“Esta é a minha última viagem internacional antes de Xangai”, conta. “No Mundial vou nadar os 50m livre e os revezamentos, por isso este campeonato está sendo muito útil como preparação”, explica a nadadora americana, que estranhou a falta de público no evento. “Gostaria que houvesse mais gente, pois é muito mais divertido ouvir a galera gritando durante as provas. Tenho certeza que em 2016 vai ser diferente e prometo estar no auge da forma em 2016 para fazer bonito na Olimpíada do Rio.”

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Disputada no Júlio Delamare, a competição está sendo disputada ao lado das obras do Maracanã. E o som de construção chega a atrapalhar os atletas.O técnico Albertinho, de Cielo, foi um dos que não gostou do resultado dos blocos usados: "Seria melhor tem ao menos um protótipo do bloco aqui".Enqquanto os atletas nadam no Delamare, o Parque Aquático Maria Lenk não é usado em competições. E o COB gasta R$ 4 milhões por ano com manutenção.
  • Fotos de Satiro Sodré/CBDA, Facebook/CBDA e Júlio César Guimarães/UOL