Maria Lenk revela Bruno Fratus e expõe distância entre masculino e feminino

O Troféu Maria Lenk, que acabou neste domingo, apresentou Bruno Fratus para o público brasileiro e expôs a distância entre homens e mulheres do país na modalidade. Com os índices muito rigorosos determinados pela CBDA, que pretende levar apenas atletas com condições de chegar às finais, o Brasil terá 20 atletas na China – sete a menos que há dois anos, em Roma – e apenas duas mulheres em provas individuais.
 

Na disputa individual, Bruno Fratus travou belos duelos com César Cielo nos 100m livre. Autoproclamado "abusado", Fratus superou o campeão olímpico e mundial na final de sábado com o tempo de 48s72, nadando dois centésimos abaixo do índice para Xangai. No mesmo dia, voltou a nadar mais rápido que Cielo no revezamento 4x100m.

"Ainda não acredito que conquistei o índice", comentava Fratus no domingo. "Mas essa vitória fica aqui e agora tenho que comer e respirar natação até o Mundial."

O técnico Alberto Silva, que em fevereiro deixou o Pinheiros para assumir o comando do PRO16, projeto olímpico de César Cielo, explicou que a proximidade do Mundial impediu uma preparação específica para o Maria Lenk. Enquanto atletas como Bruno Fratus estavam no auge da forma por ainda lutarem pelo índice, Cielo estava no fim de uma fase do período de treinamentos que envolve muita musculação e alto consumo de calorias.

"Não podíamos fazer uma preparação específica para o Maria Lenk, pois o Mundial acontece apenas 11 semanas depois, tempo insuficiente para fazer uma temporada", explicou Albertinho. "O César acabou pagando o preço de entrar pesado. Cansei de viver isso com o Gustavo Borges. Perdi a conta de quantas vezes ele perdeu para o Fernando Scherer no Brasileiro porque vivia um calendário diferente nos EUA", completou.

Albertinho fez falta ao Pinheiros. O clube paulistano lutava pelo nono título seguido, mas foi atropelado pelo Minas Tênis, que acabou com um jejum de 14 anos. O Minas somou 2775 pontos, contra 1934 do Pinheiros e 1697 do Flamengo. O rubro-negro de César Cielo venceu o duelo "boleiro" com o Corinthians de Thiago Pereira, que acumulou 1544 e acabou em quarto no geral.

Com índice para as duas provas de medley no Mundial, Thiago Pereira decidiu seguir os passos de Michael Phelps e vai aposentar os 400m depois da Olimpíada de Londres. O atleta do Corinthians ainda vai traçar a estratégia para o Mundial, mas nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em outubro, quando pode se tornar o recordista brasileiro de medalhas em todos os tempos, vai nadar todas as provas possíveis.

Quem também pode deixar de nadar os 400m medley é Joanna Maranhão. No segundo dia de finais, a nadadora pernambucana saiu chorando da piscina ao deixar escapar o índice para o Mundial. O técnico do Minas, Fernando Vanzella, acha ela deveria dar um tempo na prova, já que carrega até hoje o peso do quinto lugar em Atenas, quando tinha apenas 17 anos.

As mulheres foram as que mais sofreram com o rigor da CBDA, que decidiu aplicar índices mais rigorosos que os da Fina para levar apenas atletas com possibilidades de se classificar para as finais do Mundial. Apenas duas vão representar o Brasil em provas individuais, contra dez do masculino. Às vésperas de completar 36 anos, Fabíola Molina, vai nadar os 100m costas e Daynara de Paula, de 18, disputará os 100m borboleta. Gabriela Silva acabou ficando fora da mesma prova.