Cápsula de cafeína causou contaminação alegada por Cielo após doping
Uma simples cápsula de cafeína foi a vilã do caso de doping de Cesar Cielo. Marcus Bernhoeft, médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, revelou ao UOL Esporte que a defesa do campeão olímpico se baseou na contaminação de cápsulas com a substâncias, feitas em uma farmácia de manipulação. O uso de cafeína é permitido.
FINA TEM 20 DIAS PARA CONTESTAR A ADVERTÊNCIA DADA PELA CONFEDERAÇÃO
César Cielo e os outros três nadadores que testaram positivo em exame antidoping podem receber punição mais severa que a advertência aplicada pela Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). A Federação Internacional de Natação (Fina) pode não acatar o parecer enviado pela entidade brasileira e contestar a punição. A Fina tem até 20 dias para se manifestar sobre o caso. A entidade sediada na Suíça pode tomar dois caminhos. O primeiro é aceitar as explicações dos nadadores e a pena aplicada pela CBDA e arquivar o processo. O segundo é pedir mais detalhes da CBDA e aprofundar a investigação. |
"Ele usa esse suplemento, a cafeína. Ela é feita em farmácia de manipulação e de repente pode estar contaminada. Isso que foi bem esclarecido pela equipe do Cielo no painel. A defesa foi baseada em de onde surgiu a furosemida e eles chegaram à conclusão de que foi de uma contaminação na farmácia de manipulação. Por isso foi a surpresa geral", disse Bernhoeft, que estava com Cielo em Paris, na semana passada, onde o campeão olímpico conquistou três medalhas de ouro.
Segundo o médico, que participou do painel em que a advertência foi definida, em nenhum momento os atletas envolvidos negaram a ingestão do suplemento. "[Os nadadores] não negaram, eles usaram o suplemento. Eles, então, foram pesquisar a origem da furosemida e pela pesquisa descobriram que, com quase certeza, houve contaminação na hora da elaboração da substância. Eles costumam tomar cafeína pura", completou o médico.
Campeão olímpico e mundial, Cielo emitiu um comunicado nesta sexta-feira culpando "contaminação cruzada" pelo positivo em seu exame antidoping. O recordista mundial foi advertido por uso de furosemida em testes realizados no Troféu Maria Lenk, no início de maio. O anúncio do resultado do exame foi feito nesta sexta-feira e o atleta recebeu apenas uma advertência.
"Durante o painel, todos os dados foram levantados e comprovada a presença da substância por meio de contaminação cruzada durante a manipulação de um suplemento (excepcionalmente, isso pode ocorrer, mesmo que observadas normas e protocolos de manipulação sob orientação da Vigilância Sanitária). Sempre fiz uso desse suplemento e nunca um controle feito anteriormente apresentou problema. Pela segurança que tenho na utilização desse suplemento, creio que este resultado tenha sido um fato isolado. Por causa dessa mesma confiança, outros atletas também fizeram uso do suplemento. Fato que nos ensina muito", explicou Cielo em nota oficial.
O nadador disse também que não usa "nenhum tipo de medicamento ou suplemento sem me certificar da segurança de sua utilização". "Em qualquer lugar do mundo em que esteja, consulto sempre meu médico e meu pai, que é médico, sobre os componentes de todo medicamento ou suplemento antes de ingeri-los. Sou extremamente cuidadoso com isso e tenho a consciência tranquila de que não fiz nada para melhorar artificialmente meu desempenho".
ENTENDA O QUE É FUROSEMIDA; OUTROS BRASILEIROS JÁ TESTARAM POSITIVO
A substância encontrada no exame antidoping de Cesar Cielo é um diurético e não é um estimulante artificial para ganhos esportivos. Considerado proibido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), a furosemida pode esconder substâncias dopantes. Os efeitos do remédio se manifestam rápido no corpo, de uma a três horas. Vários atletas já foram pegos no antidoping por uso de furosemida. Um dos casos mais emblemáticos foi o da triatleta Mariana Ohata, em 2009. Por ser reincidente, ela pegou seis anos de suspensão. Na natação, Daynara de Paula foi suspensa por seis meses em 2010. Ela alegou que uma farmácia havia incluído sem autorização a substância proibida na fórmula de seu suplemento. No futebol, Renê, goleiro do Bahia, também testou positivo para furosemida no ano passado. |
CBDA APLICA PUNIÇÃO MENOR POR “HISTÓRICO”
A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) realizou nesta sexta-feira o julgamento do caso de Cesar Cielo e dos outros três atletas flagrados com furosemida. Apesar da infração, o quarteto levou apenas uma advertência. “O Painel de Controle de Doping instaurado pela CBDA na sexta-feira, 01/07, presidido pelo Prof. Dr. Eduardo de Rose e também composto pela Dra. Sandra Soldan, Dr. Marcus Bernhoeft e o Dr. Cláudio Cardone considerou o histórico dos atletas e o regulamento da Federação Internacional de Natação”. |
FABÍOLA MOLINA TAMBÉM FOI PEGA NO ANTIDOPING, EM JUNHO
No final de junho, Fabíola Molina testou positivo para uma substância proibida e foi suspensa por dois meses pela Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). Ela afirma ter consumido um suplemento alimentar e não procurou a CBDA para saber a legalidade do produto. "“Foi uma coisa idiota, sem objetivo algum. Eu já tinha o índice para o Mundial, não tinha por que me dopar”. LEIA MAIS |
LEIA A NOTA OFICIAL DE CESAR CIELO
Sobre notificação da CBDA a atletas da seleção brasileira Quero dar minha posição a respeito de uma notificação de um painel realizado nesta sexta-feira pela CBDA, no Rio de Janeiro, sobre a presença da substância Furosemida, encontrada em alguns atletas da seleção brasileira que disputaram o Troféu Maria Lenk, em maio. Durante o painel, todos os dados foram levantados e comprovada a presença da substância por meio de contaminação cruzada durante a manipulação de um suplemento (excepcionalmente, isso pode ocorrer, mesmo que observadas normas e protocolos de manipulação sob orientação da Vigilância Sanitária). Sempre fiz uso desse suplemento e nunca um controle feito anteriormente apresentou problema. Pela segurança que tenho na utilização desse suplemento, creio que este resultado tenha sido um fato isolado. Por causa dessa mesma confiança, outros atletas também fizeram uso do suplemento. Fato que nos ensina muito. Durante toda a minha carreira, sempre tive o maior cuidado com todo tipo de medicamento ingerido. Me considero um atleta exemplar neste aspecto. Nunca utilizei nenhum recurso ergogênico ilícito que pudesse favorecer a minha performance. Acredito que todo mérito de um atleta seja resultado de muito treino, dedicação e seriedade. Tenho a convicção de que todos os resultados que conquistei na minha carreira sigam esses pilares. Faço controles constantemente - este ano, já fui testado cinco vezes. Fiz, inclusive, teste de sangue na França, durante o Aberto de Paris. Passo por controles periódicos e sou um dos atletas que integram o programa de rastreamento da Fina, o que significa que preciso sempre informar a entidade cada vez que me desloco. Posso ser testado a qualquer momento, em qualquer lugar. São as regras do jogo e eu sempre soube disso. No dia 26 de abril, quatro dias antes de começar o Troféu Maria Lenk, recebi uma carta da Usada, órgão oficial antidoping dos Estados Unidos, me parabenizando pelos resultados dos testes antidoping realizados em Michigan, durante o Grand Prix. Em nenhum momento fui imprudente ou negligente ou usei de imperícia. Não uso nenhum tipo de medicamento ou suplemento sem me certificar da segurança de sua utilização. Em qualquer lugar do mundo em que esteja, consulto sempre meu médico e meu pai, que é médico, sobre os componentes de todo medicamento ou suplemento antes de ingeri-los. Sou extremamente cuidadoso com isso e tenho a consciência tranquila de que não fiz nada para melhorar artificialmente meu desempenho. Pelo respeito, pela confiança depositada em mim e consideração que tenho pelo brasileiros e a comunidade da natação e do esporte, estou esclarecendo a situação. Cesar Cielo |
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