Advogado gringo de Cielo dá tom otimista, mas coleciona suspensões famosas

Cesar Cielo escolheu Howard Jacobs para defendê-lo na CAS (Corte Arbitral do Esporte) em julgamento marcado para o dia 20 em Xangai, na China. O advogado norte-americano coleciona sentenças famosas por doping e tem em sua lista de clientes os ex-velocistas Marion Jones e Tim Montgomery, o ciclista Floyd Landis e a nadadora Jessica Hardy. Mesmo com o histórico de punições emblemáticas, ele demonstra, em entrevista ao UOL Esporte, otimismo para o caso do campeão olímpico e mundial.

VEJA OS CLIENTES FAMOSOS DE JACOBS

MONTGOMERY (EUA) Ex-recordista mundial nos 100 m rasos, o norte-americano foi suspenso por dois anos pela CAS em 2005. O caso acabou envolvido com os laboratórios Balco, acusado de ter fornecido o esteróide THG para alguns velocistas americanos. Ele teve todas as medalhas desde 2001 retiradas e foi preso por fraudes bancárias e pelo uso e venda de heroína. Ele só voltará à liberdade em 2016.	MARION JONES (EUA) A velocista foi a 1ª mulher a ganhar cinco medalhas em uma mesma edição de Jogos Olímpicos, em Sydney-2000. Mas o o COI (Comitê Olímpico Internacional) cassou as medalhas. Jones admitiu em 2007 à justiça americana o uso de doping. Pegou dois anos de suspensão, ficou fora dos Jogos de Pequim e foi presa em 2008 por mentir em investigação policial sobre o caso Balco.
JESSICA HARDY (EUA) A nadadora foi suspensa por doping um mês antes dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e desistiu da disputa por causa do processo. Ela teve a pena de dois anos reduzida. A Wada (Agência Mundial Antidoping) apelou ao CAS, que manteve os 12 meses de punição. Recentemente, ganhou o direito de ir a Londres-2012 mesmo após ter pego um ano de pena.	FLOYD LANDIS (EUA) O ciclista negou o uso de substâncias proibidas por vários anos. Primeiro campeão da Volta da França a perder o título por doping, Landis acabou suspenso por dois anos. Ele voltou atrás em suas declarações e disse fazer parte de esquema de dopagem sistemática. Perdeu o título de 2006, voltou a competir em 2010, mas se aposentou no começo deste ano.

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Cielo teve o resultado do exame antidoping divulgado no dia 1º de julho e todo o processo ganhou caráter de urgência. “É nosso pedido também. Enviamos nossos argumentos para a arbitragem e vamos estar lá no dia 20 para defender a advertência. Para nós também é melhor que o julgamento aconteça rapidamente. Estamos otimistas”, afirmou o advogado Howard Jacobs. Para ele, o fato de Cielo ser campeão mundial e olímpico não pesa nem positivamente nem negativamente na decisão da CAS. "Isso não importa, não interfere em nada".

A CAS divulgou na quarta-feira que o julgamento do brasileiro será no próximo dia 20. E a decisão final deve ser divulgada até 22, dois dias antes do início das provas de natação no Mundial de Esportes Aquáticos. 

Cielo testou positivo para a furosemida, um diurético famoso por mascarar outras substâncias. A alegação usada em painel de Controle de Doping da CBDA foi de contaminação cruzada em cápsulas de cafeína. Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked também foram flagrados no exame. A entidade nacional justificou a pena mínima por não haver culpa nem negligência dos nadadores. Linha que deve ser mantida.

O caso foi enviado para a Fina (Federação Internacional de Natação), que apelou à CAS em caráter de urgência por não concordar com a advertência dada pela CBDA. Agora, a corte decide em última instância o futuro da principal estrela da natação brasileira. “Ele tem que focar nos treinos e no campeonato. Treinar, que é o que já está fazendo”, aconselhou Jacobs, em tom otimista.

Se Cielo for suspenso perde a chance de disputar o Mundial de Esportes Aquáticos, que começa dia 16 em Xangai. Caso a punição exceda seis meses, o recordista mundial nos 50m e 100m livre perde o direito de ir a Londres-2012 por se enquadrar no artigo 45 da Carta Olímpica, que prevê a exclusão da edição seguinte dos Jogos Olímpicos de qualquer atleta suspenso por mais de seis meses.

Mesmo com discurso otimista, Jacobs coleciona suspensões emblemáticas. Marion Jones, Tim Montgomery, Floyd Landis e Jessica Hardy  (veja tabela acima) estão entre os clientes mais famosos do norte-americano que tem escritório na Califórnia. “Eu não perco tempo analisando qual foi o caso mais complicado. É difícil dizer. Cada caso é único e tem suas particularidades”, falou.

Em seu site oficial, Howard Jacobs aponta uma de suas especialidades. “Sou muito respeitado por organizações antidoping pelo meu conhecimento do assunto e minha defesa passional aos atletas acusados de doping. Para atletas que receberam suspensões, aproximadamente 75% tiveram redução de pena”, descreve na página.

*Colaborou Alexandre Sinato