Brasileiros divergem, e Fischer compara ação de França com mão de Maradona
Um site norte-americano acusou Felipe França de ter usado manobra ilegal na conquista do título mundial nos 50m peito. O nadador teria dado uma pernada de golfinho no impulso final da prova. Especialistas no estilo divergem sobre a ação do atleta do Pinheiros, mas concordam no desfecho final: não existe recurso capaz de tirar a medalha dele. Eduardo Fischer até fez uma comparação da ‘golfinhada’ com a mão usada por Maradona na Copa do Mundo de 1986.
“É o mesmo caso. Todo mundo viu depois, por replay, que ele fez o gol com a mão. Mas na hora, o juiz considerou o gol válido e a Argentina foi campeã. Não importa o quanto nós achemos que foi irregular, o título está lá e ninguém irá tirá-lo da Argentina”, declarou o nadador de peito Eduardo Fischer ao UOL Esporte.
O site norte-americano Universal Sports destacou que Felipe França descumpriu as regras da Fina (Federação Internacional de Natação) em seu movimento final antes da batida dos 50m peito em 27s01. “O ‘choro’ é livre e qualquer um pode reclamar e achar ruim. Mas a verdade é que o título é dele e ninguém vai tirar essa medalha do Felipe. Parabéns ao atleta. Resultado muito expressivo”, acrescentou Fischer.
Sobre a ‘golfinhada’, especialistas do estilo divergem. Ex-nadador dos 100m e 200m peito e agora técnico do Pinheiros, Marcelo Tomazini aponta que Felipe França chegou ao limite do que a regra permite. “A ondulação se caracteriza muito pela interpretação do árbitro. Mas se ela é descendente é permitida. A impulsão de baixo para cima descaracteriza o peito e caracteriza o golfinho”, disse.
HENRIQUE BARBOSA ELEGE PEITO COMO NADO MAIS CONTROVERSO EM REGRAS
Henrique Barbosa é especialista no mesmo estilo de Felipe França. Nadaria os 200m peito no Mundial não fosse o caso de doping - foi flagrado no Maria Lenk e perdeu o índice. De volta à sua rotina após a advertência ratificada pela CAS (Corte Arbitral do Esporte), ele não viu a prova de Felipe França por estar treinando e preferiu não opinar. Mas elegeu sua especialidade como a mais controversa da natação. "Acho que é o que mais dá margem para interpretações sim. Quando comecei a nadar não tinha pernada de golfinho. Sofri alterações no nado. No livre, por exemplo, a última mudança foi há muito tempo. O nado livre o próprio nome já diz. O peito é mais técnico, cheio de regrinhas", disse ao UOL Esporte. E, de fato, as determinações da Fina mostram isso. No lado livre, existem apenas três itens na regra. No costas e no borboleta são cinco, enquanto o nado peito estabelece seis artigos.
Mas Eduardo Fischer discorda. “Olhando o vídeo isoladamente, em slow motion e várias vezes, me parece que realmente houve um movimento irregular por parte do Felipe. Mas se os árbitros não viram na hora e não desclassificaram ele no momento da chegada, não adianta os gringos ‘chorarem sobre o leite derramado’”, afirmou. O nadador evitou fazer qualquer julgamento ao companheiro. “Não dá para dizer se o França teve ou não intenção de fazer um movimento irregular. A prova é muito rápida, a adrenalina está a mil. Nesta hora, você só pensa em tocar o placar o mais rápido possível”.
Tomazini falou que o campeão mundial correu o risco de ser desclassificado. “É uma questão de interpretação do árbitro e o risco sempre existe. Mas não tem motivo para uma desclassificação”, opinou o ex-nadador de peito, que ainda analisou o desempenho de Felipe França e disse que o recurso não foi determinante para a vitória. “Com a velocidade que ele vinha, venceria mesmo se não tivesse feito. É que foi forte, mas se fosse com menos intensidade, seria igual. Os pontos mais fortes foram saída, filipina e primeira braçada. Ele conseguiu controlar o cansaço nos 10m finais, porque sofre mais por ser musculoso. E se sustentou”.
As golfinhadas são mencionadas em dois artigos da regra da Fina sobre o nado peito. A SW 7.1 estabelece que “após o início e após cada virada, o nadador pode dar uma braçada completa até as pernas enquanto o nadador está submerso. Uma única pernada de borboleta é permitida durante o primeiro movimento de braço, seguido pela pernada de peito”. No item SW 7.5, a determinação diz: “Os pés devem estar virados para fora durante a pernada. Tesoura ou chute de borboleta para baixo não são permitidos, exceto no artigo SW 7.1. Quebrar a superfície da água com os pés é permitido, exceto seguido de uma pernada de golfinho”.
OS OUTROS DESTAQUES DESTA MANHÃ NO MUNDIAL DE XANGAI
FELIPE FRANÇA É CAMPEÃO MUNDIAL O brasileiro Felipe França conquistou a medalha de ouro na final dos 50 m peito nesta quarta-feira no Mundial de Xangai, superando o sul-africano Cameron van der Burgh, recordista mundial da prova. É o terceiro ouro do Brasil na competição. Felipe fez o tempo de 27s01 e comemorou muito o triunfo. O nadador do Brasil já havia chegado perto do título em 2009, em Roma, quando foi prata no Mundial. Leia a matéria completa | |
CIELO VAI À FINAL DOS 100 M LIVRE Cesar Cielo fez o que dele se esperava nos 100 m livre. Na manhã desta quarta-feira, ele se classificou com o quinto melhor tempo para a final da prova no Mundial de Esportes Aquáticos, em Xangai. O brasileiro é o atual campeão dos 100 m livre e também o detentor do recorde mundial (46s91). A final acontece nesta quinta, a partir das 7h (de Brasília). Leia a matéria completa | |
THIAGO PEREIRA: FINAL 200 M MEDLEY O brasileiro Thiago Pereira garantiu a classificação para a final dos 200 m medley ao terminar em terceiro lugar sua bateria. Thiago Pereira chegou a ter o melhor tempo geral na segunda batida, mas acabou superado e ficou em quinto na prova em que Ryan Lochte obteve o melhor tempo em disputa com Michael Phelps. O brasileiro Henrique Rodrigues teve apenas o 14º tempo e não se classificou. Leia mais | |
PHELPS: PRIMEIRO OURO EM XANGAI O multicampeão Michael Phelps enfim subiu no lugar mais alto do pódio no Mundial de Xangai. Nesta quarta-feira, o norte-americano conquistou o ouro na final dos 200 m borboleta. Para tanto, Phelps fez uma última parte muito forte, deixando o japonês Takeshi Matsuda para trás. Essa foi sua 23ª medalha de ouro em Mundiais, de um total de 29 no campeonato. Em Xangai, ele já havia faturado uma medalha de prata e uma de bronze. |
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