Topo

Aposentada após lesões, ex-musa da natação estuda 10 horas por dia para ser médica

Do UOL, em São Paulo

28/02/2013 06h00

As lesões e as dores foram companheiras quase que inseparáveis de Gabriella Silva nos últimos anos. Em janeiro deste ano, a nadadora desistiu. Cansada de lutar com os problemas físicos e pensando no futuro, ela optou por deixar as piscinas. Mas não pense que Gabi escapou da vida regrada e está com tempo livre de sobra. Pelo contrário.

Curiosa, Gabi sempre tentou ficar por dentro de suas lesões e entender suas causas e recuperações. Por isso, decidiu agora ser médica. Mesmo aposentada, a 'loucura', como ela define, continua. O foco, antes na piscina, agora é nos livros. São cerca de dez horas diárias dedicadas aos estudos para se preparar para o vestibular no meio do ano.

"Voltei a estudar, estava sentindo muita falta. Não dava para conciliar com os treinos. E como é ano de vestibular, troquei uma loucura pela outra. Passo o dia inteiro estudando, durmo cedo, a disciplina continua. Medicina é muito difícil, e eu ainda quero passar em uma faculdade pública. Ou estudo muito, ou não tem jeito", afirmou a ex-atleta, de 24 anos, ao UOL Esporte.

Durante a semana, Gabriella acorda bem cedo e estuda, em casa, das 8h às 12h. Após o almoço, ela vai para o curso preparatório, e, quando volta, faz exercícios e revisa o conteúdo passado durante o dia na aula. Ao todo, são cerca de 50 horas de estudo durante a semana. Sábado e domingo o ritmo é um pouco menor, e a ex-nadadora se permite, por exemplo, ir ao cinema ou à praia. 

A diferença em relação ao período em que competia é que antes, no horário livre que tinha, ela tinha a obrigação de descansar, até como parte do programa de treinamentos que seguia. Hoje em dia, pouco tempo após deixar as piscinas, consegue fazer coisas que antes não se permitia. Balada, no entanto, é algo que não entra nos planos de Gabriella. 

Desde o dia 17 de janeiro, quando anunciou sua retirada do esporte, a ex-atleta vive alternando períodos em que sente falta da antiga rotina com períodos em que vê que, na verdade, fez a escolha certa pensando em seu corpo. Ela ainda convive com algumas antigas lesões e faz fisioterapia para curá-las. Na lombar, por exemplo, terá de passar por uma cirurgia, sem data definida.

"O maior sonho da minha vida é ser mãe. E para eu engravidar eu preciso operar minha lombar. É uma cirurgia na coluna, delicada, mas eu preciso fazer para ter uma qualidade de vida melhor. Mas como não pretendo engravidar nos próximos 10 anos, está tranquilo (risos). A aposentadoria foi pensando no meu futuro. No começo foi complicado, tem dia que sinto muita falta de nadar. A decisão foi muito pensada, não foi de um dia para o outro. Lembro das partes boas, mas na verdade a parte ruim (lesões) estava incomodando muito", declarou. 

Gabriella, considerada uma das musas da natação nos últimos anos, é também dona de uma marca expressiva na natação feminina. O quinto lugar nos 100 m borboleta no Mundial de Roma, em 2009, é a melhor colocação de uma mulher brasileira na modalidade. Em seu currículo ela tem também a medalha de bronze no Pan do Rio, em 2007, e algumas conquistas nacionais.