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Pereira tenta acertar contas em Barcelona após passar mal há dez anos

Thiago Pereira durante treinamento para o Mundial de Natação - Flavio Perez/Divulgação
Thiago Pereira durante treinamento para o Mundial de Natação Imagem: Flavio Perez/Divulgação

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

26/07/2013 06h00

O medalhista olímpico Thiago Pereira chega para o Mundial de Natação de Barcelona em uma de suas melhores fases e na busca pela inédita medalha na competição de piscina longa. E a tentativa de quebrar mais um tabu tem o tempero de ser em um palco onde passou por situação completamente antagônica há dez anos atrás.

Em 2003, Pereira disputou na cidade catalã seu primeiro Mundial, com apenas 17 anos. Era ainda uma jovem promessa na natação internacional, mas que ia sem pretensões de grandes resultados e títulos, ao contrário do que ocorre agora.

Conseguir índice para os Jogos Olímpicos era uma das tarefas miradas. O outro lado era mais aproveitar a chance de ver grandes nadadores. Teve até “tietagem” a quem seria depois um grande rival e amigo, o agora aposentado Michael Phelps.

Valia mais a pena sentir o clima e adquirir experiência, bem ao contrário do atual objetivo. “Foi um Mundial que abriu portas e foi importante pra mim ter a sensação de estar numa competição internacional”, falou.

“Muitos atletas eu tinha oportunidade de ver só pela televisão, coisa de (atleta) mais novo. Eu via a Olimpíada de Sydney, tinha o (Ian) Torphe. Aé você chega num Mundial e vê o Ian Thorpe, o Rosolino, que foi campeão olímpico em 2000 nos 200 m medley, entre outros atletas. Então você fica assim "nossa". Lembro que bati foto com Phelps na época, eu moleque e ele novinho”, recordou.

Pereira ainda viveu naquela edição do Mundial seu maior susto. Depois da disputa dos 400 m medley, passou mal, teve queda de pressão e assustou a todos pela palidez ao ser atendido pela equipe médica.

“Nossa, eu não tenho (lembranças) muito boas. Com certeza foi a vez que eu mais passei mal, foi nos 400 m medley. Foi o recorde (de passar mal) da minha carreira. Passei mal, minha pressão caiu...já passei mal mais vezes, mas essa com certeza foi a pior de todas. Foi a prova dos 400 m medley que mais passei mal na minha vida. Não tem como não lembrar da dor”, comentou.


Não foi em função do susto de dez anos atrás, mas Thiago Pereira abortou os 400 m medley, prova que foi prata nos Jogos de Londres, para o Mundial de 2013 em função do desgaste ao longo dos anos na dedicação à prova.

Mas o nadador lembra que apesar da tensão nos pós prova, guarda boas recordações por ter sido o momento em que começou a galgar espaço na natação internacional e pode viver uma transição dentro da modalidade no cenário nacional.

“Tem as boas experiências também. Tudo que eu vivi na minha vida desde o Mundial até agora somou pras minhas conquistas, em Pan-Americano e medalha olímpica. É a competição onde fiz meu primeiro índice olímpico. A partir dali entrei numa linha bem ascendente. Teve outros fatos também que dou importância. Foi uma transição da natação brasileira e competi com atletas que via desde pequeno, como Gustavo (Borges) e Xuxa. E defendi o país ao lado deles.”

Pereira competirá em Barcelona nos 200 m medley, 100 m borboleta e no revezamento 4 x 100 m medley. A segunda é uma nova aposta e que pode fazer parte dos planos para os Jogos do Rio caso obtenha bons resultados. “É uma novidade. Vamos ver, quem sabe eu não possa brigar por mais uma medalha.”  Ele afirmou que não competirá nos 400 m medley, apesar de estar classificado.

O Mundial de Barcelona está sendo realizado do dia 19 de julho até 4 de agosto na piscina do Palau Saint Jordi. O Brasil foi para a cidade espanhola com uma delegação total de 23 atletas, sendo dez mulheres e 13 homens.