Campeões denunciaram fraude que prendeu cúpula da CBDA, diz procuradora
O esquema de fraude que levou à prisão de Coaracy Nunes, ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), e mais duas pessoas ligadas à alta cúpula contou com a denúncia de atletas importantes ligados aos esportes aquáticos.
Segundo a procuradora Thamea Danelon, do Ministério Público Federal, a investigação ouviu "campeões olímpicos e mundiais" durante a investigação, que colaboraram com denúncias. "Foram vários atletas ouvidos, inclusive campeões olímpicos e mundiais. Eles, unânimes, perceberam que tinham irregularidades, refletiam direto no desempenho. No sentido que quando iam para competições internacionais, não eram voos diretos, eram voos com muitas escalas, de classe econômica", disse a procuradora em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira.
Na história olímpica, o único brasileiro a conquistar medalha de ouro nos esportes aquáticos foi Cesar Cielo, ouro nos 50 m livre em Pequim-2008. Ele ainda conquistou seis medalhas de ouro em Mundiais de piscina olímpica (50 m), e teve mais dois triunfos em Mundiais de piscina curta (25 m). Porém, a procuradora não citou nominalmente o atleta. Indagada pelos repórteres se Cielo seria um dos denunciantes, a procuradora respondeu: "Prefiro não informar nomes".
Em entrevista concedida no Clube Pinheiros, nesta tarde, o nadador negou que tenha sido ouvido pela Procuradoria. "Eu não dei depoimentos mas soube que vários atletas foram chamados. Mas nunca recebi nenhum chamado do tipo. Só fiquei sabendo", explicou.
A procuradora informou que os desvios prejudicaram o rendimento dos esportes aquáticos nos Jogos Olímpicos. Atletas eram colocados em voos com diversas escalas e em classes econômicas, enquanto os dirigentes seguiam em cadeiras executivas.
"Atletas de 2m de altura que viajavam por diversas horas, não tinha acompanhamento médico ou de massoterapeutas, isso repercutia no treinamento e no resultado. O dinheiro deveria servir para fomento do esporte. Entre um dirigente viajar de classe executiva e um atleta, acredito que seja mais razoável que vá o atleta", explicou Thamea.
Na Olimpíada do Rio, o esporte aquático teve apenas uma medalha, com o bronze na maratona aquática com Poliana Okimoto.
Coaracy e mais 2 foram presos
A Polícia Federal prendeu três pessoas e encaminhou outras cinco de forma coercitiva para unidades da polícia no Rio de Janeiro e São Paulo. A Operação Águas Claras investiga desvio de verbas públicas que foram repassadas para a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Os detidos são Coaracy Nunes Filho, que deixou a presidência da entidade há duas semanas, depois de encerrado seu mandato, o diretor financeiro da entidade, Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga, e o coordenador de polo aquático, Ricardo Cabral. O gerente de natação, Ricardo de Moura, considerado o braço-direito de Coaracy, é o alvo do quarto mandado de prisão e está foragido.
Todos os detidos estavam no Rio de Janeiro e integravam a cúpula da entidade que rege a natação, polo aquático, nado sincronizado, saltos ornamentais e maratona aquática. Moura, inclusive, era cotado para ser candidato à eleição da entidade. No momento, a CBDA é presidida interinamente pelo interventor judicial Gustavo Licks.
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