Que exista um lugar político conhecido como primeira-dama é, em si, uma aberração do patriarcado. Não é cargo, não é função, não é oficial, não é rigorosamente nada a não ser uma reafirmação de uma estrutura de poder misógina e machista. As mulheres que ocupam esse lugar não têm nada a ganhar e têm muito a perder. O Brasil atura uma primeira-dama desde que ela seja como a doutora Ruth Cardoso: silenciosa, educada, escolarizada, pacata, engajada em trabalhos sociais. A doutora Ruth Cardoso, antropóloga e bastante superior ao marido em termos intelectuais, viveu sempre na sombra de FHC e nunca pareceu se importar. Aí sim. Aí pode. |