O Brasil que enlouqueceu com a premiação de Fernanda Torres no Globo de Ouro não enlouqueceu exatamente por uma pessoa, mas por um sentimento. Um sentimento que traduz um orgulho que não é o do patriota entreguista e abobalhado, mas o do cidadão e da cidadã que amam uma ideia de país que tem como base a nossa cultura. E essa cultura não nasce nas instituições - aliás, é ali que ela morre. Essa cultura nasce nos guetos, nas frestas, nas baterias das escolas de samba, no bumba meu boi, nas benzedeiras, no frevo, nos terreiros, em Clarice, em Machado, em Carolina Maria . Trata-se de uma ideia de país, não de um país de fato. Uma ideia na qual acreditamos com mais força ainda quando uma das nossas levanta prêmio na gringa porque atuou num filme contra a brutal ditadura que nos afundou e levou tanta gente boa daqui. |