O COB já foi informado que uma das jovens atletas que chegam ao novo ciclo olímpico como candidata a medalha em Paris-2024 pode trocar de nacionalidade esportiva e defender o Chile. Nicole Cintra, 18, do levantamento de peso, tem todas as razões para fazer isso. Aos 16, ela foi medalhista dos Mundiais Sub-17 e Sub-20 em 2019, mas reclama nunca ter recebido apoio da confederação brasileira, a CBLP, que trata o técnico dela, o cubano Luis Lopez, como inimigo. Aliás, quase todo mundo que faz algo pelo LPO no Brasil é tratado como inimigo por Enrique Montero, presidente da confederação, que só existe em cinco estados - quanto menos eleitores, menos chance de ele não se reeleger na entidade, que antes foi presidida pelo pai dele. Em 2020, Montero não teria indicado outra atleta de destaque, Nathasha Rosa, para o Bolsa Pódio, mesmo ela cumprindo os requisitos. Denunciado ao conselho de ética do COB, recebeu a ordem de adotar critérios claros. No último dia 31, pressionado, esperou até o último minuto possível para indicar ao Bolsa Pódio atletas medalhistas no último Mundial adulto, mas treinadas por um opositor. Por causa da demora, o nome de duas não apareceu na lista de beneficiados divulgada na sexta (4) — a entidade tem confiança de que elas estarão em uma segunda lista. Também na semana passada, a CBLP anunciou os atletas convocados para uma avaliação e elegíveis para a seleção em 2022, deixando Nicole de fora. É verdade que ela não competiu em 2021 (primeiro por lesão, depois porque o Pinheiros, seu clube, não inscreveu equipe no Brasileiro). Mas outros atletas foram listados por escolha técnica e a medalhista mundial não foi lembrada. Se o técnico da seleção tivesse ligado para o treinador dela, receberia vídeos delas, em treino, com 63kg e 18 anos, levantado um total 217kg, resultado que a faria medalhista de bronze no último Mundial adulto. Em qualquer país do mundo os olhos do técnico da seleção brilhariam. Não no Brasil. Dragos Stanica, técnico da seleção, confirmou à coluna que nunca ligou para Nicole ou para o treinador dela. "Eu nunca liguei na vida para o Luis Lopes, devido aos problemas que nós temos", afirmou o treinador, que reconheceu que tem contatos com outros atletas de ponta do país. Dragos disse também que nem sabe da existência do Centro Olímpico, clube da prefeitura de São Paulo que é um dos principais celeiros de atletas olímpicos do país há décadas, onde Nicole treina. Ou melhor, treinava. Desesperançosa, não tem ido treinar. Ela, que é filha de mãe brasileira e pai chileno e tem duplas nacionalidade, cansou de esperar apoio no Brasil e quer competir pelo Chile. O COB tenta intervir, mas precisaria ultrapassar vários empecilhos. Nicole tem contato apenas formal com Pinheiros, seu clube, que não a levou ao último Brasileiro nem pertence a uma federação porque a de São Paulo foi desfederada.. Ao mesmo tempo, é ruim a relação entre o COB e CBLP. A confederação nega qualquer tipo de boicote e diz que está de "braços abertos" para Nicole, se ela quiser se apresentar para uma avaliação. É muito pouco. Aos 19 anos, Nicole precisa ser acolhida, aconselhada, abraçada. Se a CBLP não o faz, o COB deveria fazer. PUBLICIDADE | | |