As primeiras grandes emoções dos Jogos Olímpicos de Paris serão vividas no rio Sena, palco do desfile de abertura, em uma inovação trazida pelos organizadores franceses. Mas eles não sabem dizer se, quando a Olimpíada começar de fato, os atletas poderão voltar ao rio para competir.

No fim de semana, Paris teve que adaptar o evento-teste de triatlo, que não teve a prova de natação, porque as águas do Sena não estavam aptas para banho. Sem a natação, o triatlo virou duatlo: ciclismo + corrida.

"Observamos uma discrepância significativa nos dados entre os resultados dos últimos testes de qualidade da água fornecidos pelo laboratório e os analisadores de amostras de alta frequência", explicou a World Triathlon, federação internacional de triatlo, que organizou uma prova de revezamento misto no domingo, logo após o evento-teste do triatlo paralímpico, um dia antes.

A entidade alegou que, considerando essa discrepância, não poderia colocar em risco a saúde e a segurança dos atletas. Era melhor, assim, transformar o triatlo em duatlo, do que arriscar. Antes, a World Aquatics, federação internacional de esportes aquáticos, já havia cancelado o evento teste das águas abertas.

As autoridades francesas culpam as chuvas, as mais intensas em mais de uma década, pela poluição no Sena. É proibido banhar-se no Sena desde 1923 — há um século, portanto —, mas, depois que Paris foi escolhida como sede desta Olimpíada, o governo local empenhou-se na sua despoluição, investindo 1,5 bilhão de euros.

A qualidade da água melhorou de forma geral, mas voltou a piorar durante o verão, quando choveu muito mais do que a média histórica. Essa chuva "varre" a sujeira da cidade e a leva até o Sena.

"Nas últimas semanas, a qualidade da água do Sena atingiu regularmente os níveis exigidos para a realização de competições, demonstrando assim os progressos significativos alcançados. No início de julho, os banhistas também tomaram banho no Sena em Bras Marie", defendeu o Comitê Organizador, citando um dos três balneários que serão abertos à população a partir de 2025.

Até a Olimpíada, a infraestrutura para tratar a água do Sena estará mais completa do que está agora, inclusive com a construção de um piscinão, mas o cenário preocupa as federações internacionais com provas previstas para o rio.

"Com base neste fim de semana, fica claro que mais trabalho é necessário com Paris-2024 e as autoridades locais para assegurar planos de contingência robustos para o próximo ano", disse o presidente da World Aquatics, Husain Al-Musallam.

Diferentemente do que acontecia às vésperas das Olimpíadas do Rio, ninguém está aproveitando para defender o cancelamento dos Jogos.

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O Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística mostrou que a equipe feminina do Brasil tem tudo para brigar por coisas grandes no Mundial da Antuérpia (Bélgica), no mês que vem. Jade Barbosa conquistou o título do individual geral aos 32 anos e não deixou dúvidas de que o time pode voltar a contar com ela.

Neste Brasileiro, cada ginasta se apresenta duas vezes em cada um dos quatro aparelhos femininos — ou dos seis masculinos. Rebeca Andrade, que foi poupada no solo, passou o claro recado de que pode bater de frente com Simone Biles e que vai brigar por medalhas em todos os quatro aparelhos no Mundial, com atuações exuberantes na trave e nas paralelas.

O primeiro (e maior) objetivo do Mundial da Antuérpia, porém, é classificar a equipe à Olimpíada, e, no feminino, o Brasil tem muita margem para conseguir isso. Pode até se dar ao luxo de fazer como no Brasileiro e poupar Flávia Saraiva no solo. Com Rebeca, Jade e Julia Soares, o Brasil já está bem servido.

O Brasileiro deixou claro que as seis que devem ir à Bélgica são Rebeca, Flávia, Jade, Julia, Lorrane Oliveira e Andreza Lima, jovem de 16 anos do Grêmio Náutico União (GNU). Na ponta do lápis, usando os resultados o Brasileiro como referência, faz pouca diferença ter Lorrane, Julia ou Andreza como reserva. O mais provável, porém, é que a mais jovem fique de fora da equipe titular, pela pouca experiência.

No masculino a briga por uma vaga no Mundial também é boa, mas, com Caio Souza machucado, o Brasil não tem muita margem para erros. Se a vaga vier, será nos detalhes. Pelo histórico e pelo que mostraram no Brasileiro, os especialistas Arthur Nory e Arthur Zanetti e o novo campeão brasileiro de individual geral, Yuri Guimarães, estão garantidos na equipe.

Se a comissão técnica usar de fato a competição como referência para montar o time, Tomás Florencio não pode ficar de fora. Foi dele a melhor nota das paralelas, a segunda melhor das argolas e do cavalo, e a terceira melhor do solo. Não há como abrir mão desses pontos.

A dúvida é com a condição física de Diogo Soares, que não competiu solo e salto e não alcançou o que está acostumado na barra fixa. Com ele em forma, o time está fechado. Sem isso, a comissão técnica pode optar por Bernardo Miranda, melhor da barra fixa no Brasileiro e com boa nota no cavalo, pior aparelho do país.

A semana será de fortes emoções para o esporte olímpico brasileiro, com ao menos cinco provas que vai valer a pena você assistir:

• Na quarta-feira (23), às 16h50, Alison 'Piu' dos Santos busca o bicampeonato mundial dos 400m com barreiras. Ele passou o primeiro semestre machucado, só correu a prova uma vez antes do Mundial e por isso não é o favorito. Mas está entre os quatro que devem brigar por pódio. E não será surpresa, também, se chegar a mais um título.
• Também na quarta, começa o Mundial de Ginástica Rítmica, em Valência (Espanha). Os dois primeiros dias serão dedicados às eliminatórias individuais. Na quinta (24), saberemos se Bárbara Domingos e Geovanna Santos conseguirão a vaga olímpica. Na sexta (25), o conjunto vai buscar não só a vaga olímpica, mas uma inédita (e antes impensável) medalha mundial. O sábado tem a final individual (com as brasileiras se elas conseguirem a vaga) e as finais por aparelhos dos conjuntos, com nova chance de medalha do Brasil.
• Em Diusburg (Alemanha), também de quarta a domingo, rola o Mundial de Canoagem Velocidade. Isaquias Queiroz teve um ano atípico, com treinamento muito prejudicado -- ele deixou a base da seleção em Minas Gerais e voltou para Bahia, sendo depois seguido pela seleção, que agora se concentra em Ilhéus. A final do C1 1.000m, prova principal dele, será no sábado, às 7h01 de Brasília. Ele ainda rema o C2 500m ao lado de Jacky Goldman, com final às 6h59 de domingo.
• A maior parte das provas em que o Brasil tinha alguma chance no Mundial de Atletismo já foi, mas, além de Piu, ainda vale torcer pelo revezamento 4x100m masculino. Na soma dos tempos dos quatro "titulares" no ano, o time brasileiro só tem marcas piores do que Jamaica, EUA e Grã-Bretanha. A eliminatória será na sexta, a partir das 14h30, com final no sábado, às 16h40.