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Ministro sérvio pede liberação de Djokovic, barrado em aeroporto na Austrália

Novak Djokovic terá que comprovar vacinação para jogar o Aberto da Austrália - Reprodução/Instagram
Novak Djokovic terá que comprovar vacinação para jogar o Aberto da Austrália Imagem: Reprodução/Instagram

De Melbourne, Austrália

05/01/2022 14h30

Barrado ao tentar entrar na Austrália sem comprovar vacinação contra a covid-19, Novak Djokovic virou protagonista de uma questão diplomática hoje (5), entre o país que recebe o Australian Open e a Sérvia, sua terra-natal. Diante da situação, o ministro de Assuntos Exteriores sérvio fez apelo pela liberação do tenista.

Segundo o jornal Marca, o ministro Nikola Selakovic pediu a seu embaixador em Camberra, capital australiana, que interceda a favor de Djokovic no Aeroporto de Melbourne. O tenista foi barrado na madrugada de hoje (horário local), quando autoridades locais detectaram um problema em seu visto. Ele recebeu uma exceção médica para disputar o Australian Open de tênis no país, pois se recusa a comprovar vacinação contra a covid-19, mas o visto não estaria de acordo com esta isenção.

O pai do tenista, Srdan Djokovic, chegou a dizer em entrevista que Novak está sendo "mantido como cativo" pelo governo australiano. "Se não o liberarem em meia hora, vamos tirá-lo à força", ameaçou.

A imprensa australiana informa que o serviço federal da alfândega do Aeroporto Tullamarine percebeu uma inconformidade do visto de Novak Djokovic após o desembarque, então contataram o governo estadual de Victoria, que rejeitou o pedido de entrada do sérvio no país. O problema seria o tipo de visto: para entrar na Austrália sem comprovação de vacina, Djokovic deveria ter solicitado um outro modelo do documento.

"O governo federal nos perguntou se apoiamos o pedido de visto de Djokovic para entrar na Austrália. Não vamos dar esse apoio. Sempre fomos claros: o estudo dos pedidos de visto é uma questão do governo federal e as isenções são uma prerrogativa dos médicos", afirmou a ministra dos Esportes de Victoria, Jaala Pulford.

A confusão burocrática já dura mais de seis horas, e a entrada de Djokovic na Austrália continua sendo incerta, tornando-se uma espécie de disputa entre autoridades federais e estaduais. Em comunicado oficial, o Ministério do Interior avisou que "qualquer indivíduo que pretenda entrar na Austrália deve cumprir rígidos requisitos de fronteira".

Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália, chegou a dizer antes de toda a confusão que, se os motivos para a isenção fossem insuficientes, Djokovic seria mandado embora do país "no primeiro avião".

Tenista recebeu isenção do Australian Open

A entrada de Djokovic na Austrália tem sido motivo de debate há semanas, pois o sérvio se recusa a comprovar se foi vacinado contra o coronavírus. Várias autoridades locais passaram os últimos dias reiterando que o tenista só entraria no país se apresentasse o esquema vacinal, e foi justamente esta exigência que fez o sérvio desistir de jogar a Copa ATP no país.

Ontem (4), no entanto, o Australian Open concedeu a Djokovic uma exceção médica para jogar mesmo sem comprovar sua vacinação. "Ele solicitou uma exceção médica, que foi aprovada após um rigoroso processo que envolveu dois painéis separados de especialistas", diz um comunicado oficial do torneio. A decisão de deixar o sérvio entrar no país teria sido tomada em conjunto com um órgão do Ministério da Saúde australiano.

Vinte e seis pessoas, entre jogadores, técnicos e funcionários, teriam solicitado exceção de algum tipo ao Australian Open, mas apenas alguns conseguiram, segundo o chefe do torneio, Craig Tilley. "Qualquer pessoa que reunisse as condições foi autorizada a vir. Não houve favores especiais. Não há privilégios para Novak", afirmou Tiley.

O que dizem os protocolos de entrada no país

O protocolo da Austrália prevê exceções para entrada de não vacinados no país em casos, por exemplo, de a pessoa ter alguma condição médica aguda que impeça a vacinação, ou que tenha tido alguma reação grave após a primeira dose, ou ter contraído o vírus recentemente e por isso não ter tido tempo hábil de completar o esquema vacinal, entre outros casos específicos. Nem Djokovic nem Australian Open, no entanto, entram em detalhes sobre o motivo da isenção concedida ao tenista ontem.

Djokovic promove desconfiança sobre vacina

A questionada posição de Novak Djokovic sobre a pandemia, no geral, e as vacinas, em particular, não são segredo há muitos meses. "Pessoalmente, não sou pró-vacina", declarou em 2020. Pouco depois, sua esposa Jelena teve perfil bloqueado nas redes sociais pro disseminar desinformação sobre a vacinação.

Djokovic também organizou um torneio de tênis quando todo o circuito da ATP estava interrompido por causa da pandemia, o que resultou em vários jogadores testando positivo para covid-19, inclusive o próprio Djokovic.

Recentemente, ele voltou a insistir que negar a vacina "é um direito de cada um", ignorando o fato de a imunização ser um pacto coletivo que só funciona se envolver toda a sociedade, não apenas uma parte dela.

A vacina contra a covid-19, como é consenso entre especialistas, tem sido o principal fator na diminuição de mortes pela doença no mundo inteiro. Mais de 5,4 milhões de pessoas foram vítimas da covid-19 desde o início da pandemia, sendo mais de 600 mil no Brasil.

Sérvio é o atual campeão do Aberto da Austrália

Djokovic é o atual líder do ranking mundial de simples da ATP e venceu as últimas três edições do Australian Open, torneio em que tem os melhores resultados em todo o circuito. Se de fato vier a disputar esta edição, ele pode conquistar o 21º título de Grand Slam e ultrapassar Rafael Nadal e Roger Federer como o maior vencedor.