Por que vacina não é obrigatória nas Olimpíadas
Atletas, treinadores e jornalistas que não se vacinaram contra a covid não serão impedidos de entrar no Japão, nem de disputar as Olimpíadas. Também não precisarão passar por protocolo diferente de todos os demais. A postura está sendo adotada pelas autoridades japonesas diante da impossibilidade de controlar, país a país, as regras de vacinação.
Hoje, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) detalhou que 90% dos 301 atletas inscritos pelo Brasil na Olimpíada tomaram ao menos uma dose da vacina contra a covid e que 75% desses atletas estão completamente imunizados, tendo tomado as duas doses ou a dose única da Janssen. E disse que houve casos de atletas que optaram por não se vacinar.
Como a vacinação não é obrigatória nem no Brasil nem para a participação nos Jogos, não havia o que o COB pudesse fazer. O comitê ofertou a possibilidade de vacinação para todos os atletas que moram no Brasil, a partir de um acordo múltiplo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), o Comitê Olímpico Chinês, a Pfizer, o Ministério da Defesa e o Ministério da Saúde.
A Pfizer e o comitê chinês doaram vacinas para o COI — no caso dos chineses, tanto da Sinovac quanto da Coronavac —, que ofereceu aos comitês olímpicos nacionais. O COB dialogou com Defesa e Saúde para que as delegações olímpica e paraolímpica entrassem no Plano Nacional de Imunização (PMI) e a vacinação ocorresse em locais predefinidos em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Atletas, jornalistas e membros de comissões técnicas que faziam parte da lista larga, ou seja, que estavam pré-inscritos na Olimpíadas, receberam e-mail para que fornecessem informações de onde estariam em datas específicas e onde preferiam se vacinar. Todos foram estimulados a se imunizarem, assim como vem fazendo o COI.
Parte da alta rejeição dos japoneses à Olimpíada deriva do risco de os visitantes levarem novas variantes do coronavírus ao Japão e do temor que uma alta de casos pressione o sistema de saúde local. Assim, o COI bateu na tecla de que a vacinação era altamente recomendável, para a saúde dos participantes, mas também para a segurança dos anfitriões.
Nas últimas semanas, o COI se mobilizou para garantir que o máximo de atletas pudesse se vacinar. Como nem todos os países têm aprovação local para aplicação das vacinas chinesas ou da Pfizer e sem a segurança de que todos os países dariam prioridade aos olímpicos, o COI montou hubs de vacinação no Qatar, na Ásia, e em Ruanda, na África. Nas Américas, a PanAm Sports criou postos em Miami e em Houston e bancou a viagem de atletas de outros países até lá.
O COB também se mobilizou. Conseguiu acordo com o governo da Sérvia, por exemplo, para vacinar atletas de caratê que se preparavam para a Olimpíada por lá. Também fez parcerias com outros países, como Espanha e Hungria, para vacinar jogadores, especialmente de handebol, que moram na Europa e não voltaram ao Brasil depois da temporada de clubes. A Confederação de Skate (CBSk) e a de Atletismo (CBAt) estimularam atletas a se vacinarem em viagens aos Estados Unidos.
Apesar disso tudo, houve atletas brasileiros que optaram por não se vacinarem. O COB disse hoje que não vai dar números, nem nomes de quem está e quem não está vacinado, preservando o direito à privacidade. "É uma questão de ordem pessoal. Temos nossas convicções, entendemos como muito importante, mas respeitamos as posições de cada um. Vamos cobrar de todos e mais desses atletas os respeitos às condições de seguranças suas e de todo o grupo do qual estão fazendo parte", disse Jorge Bichara, diretor de Esporte do COB.
Promessa de ser um dos grandes nomes da natação em Tóquio, o nadador norte-americano Michael Andrew disse recentemente que optou por não se vacinar. "Minha razão por trás disso é que eu não queria inserir no meu corpo algo que eu não sei como cairia", afirmou, ressaltando, porém, que mesmo depois da Olimpíada não pretende se vacinar.
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