Sol a pino e forte calor em Tóquio levam russa ao desmaio no tiro com arco
O sol estava em zênite, ou seja, bem em cima de nossas cabeças em Tóquio, enquanto eu chegava no parque Yumenoshima, uma das sedes no coração dos Jogos Olímpicos, para cobrir a fase de classificação do tiro com arco. Um funcionário de mídia do Comitê Organizador se assegurou, antes de me indicar o caminho até aqui, que eu teria água o suficiente para um trajeto de 15 minutos andando — o máximo permitido de tempo fora da "bolha", por dia, para quem, como eu, chegou à cidade a menos de 14 dias.
Como bom brasileiro, acostumadíssimo com o carnaval, disse que sim, ainda que houvesse só uns 100 ml de água na minha garrafinha. Tolo, eu. Quando cheguei na sala de imprensa da sede do tiro com arco, tudo que eu queria era um gole de água. Alguns vários goles, na verdade. Mas já havia acabado toda a água distribuída aos jornalistas em um espaço oficialmente denominado "área de refresco".
A sala estava lotada e o ar condicionado claramente não comportava toda aquela gente para se refrescar, também. Entre a prova masculina e a feminina, todo mundo correu para lá, para fugir do calor que, segundo os colegas que chegaram mais cedo, era ainda pior por volta das 10h.
Não consigo nem imaginar como é um calor maior do que esse, mas eu acredito neles, que assistem à rodada de ranqueamento do tiro com arco masculino sentados na grama, embaixo as árvores do parque, mesmo que não dê, daqui onde escrevo o texto, para ver o brasileiro Marcus Vinicius D'Almeida atirando. Outros jornalistas, e também membros de comissões técnicas, escolheram um plano B: grudar as costas na parede de um contêiner e aproveitar a sombra provocada por 40 centímetros de parapeito.
No tiro com arco olímpico, os atletas atiram suas flechas a 70 metros do alvo. A cada seis arcos, eles andam 140 metros, ida e volta, para checar de perto onde a flecha acerto o alvo, em qual ângulo, e assim planejar os próximos disparos. Esse trajeto é normalmente feito debaixo de sol, mas aqui está demais. Tanto que todos usam guarda-sóis. Norte-americanos e australianos trouxeram sombrinhas — na verdade, quase guarda-sóis de praia, de tão grandes — estilizadas. A de Marcus Vinicius é uma sombrinha mais tradicional, com tecido preto.
Mais cedo, na prova feminina, já quase com o sol em zênite, Svetlana Gomboeva, da Rússia, passou mal fazendo pela última vez esse trajeto até o alvo. Na volta, desmaiou e precisou de atendimento médico. Seu técnico disse à Reuters que nunca tinha visto algo do tipo acontecer. "Em Vladivostok, onde treinávamos antes, o clima estava parecido. Mas a umidade fez diferença aqui". Os termômetros marcam, agora, 32º C. Mas a sensação, ao menos a minha, é de uns 50º C.
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