Algum atleta olímpico já morreu durante os jogos?
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Algum atleta olímpico já morreu durante os jogos?
Pergunta de Lello Lopes, de São Paulo (SP)
Infelizmente, sim, caro paulistano. No total, 20 participantes - 13 atletas, cinco treinadores e 2 árbitros - morreram nas Olimpíadas, incluindo óbitos em competições e fora delas durante o período dos eventos. Observação importante: deixei de fora mortes ocorridas nos Jogos de Inverno ou nos Jogos Paralímpicos.
Houve duas mortes em competição na era moderna dos Jogos. O primeiro destes óbitos aconteceu na quinta edição, em Estocolmo-1912. O maratonista português Francisco Lázaro, porta-bandeiras da primeira participação patrícia nos Jogos, sofreu com desidratação e insolação durante a prova. Entre os km 29 e 30 da prova, ele caiu para não mais levantar e faleceu na madrugada do dia seguinte num hospital da capital sueca.
Vários foram os descuidos que levaram à morte do maratonista: ele besuntou o corpo com sebo (o que dificulta a transpiração), era o único a não usar nenhuma proteção na cabeça contra o sol que castigava Estocolmo e teria tomado substâncias para melhorar a performance que possivelmente contribuíram para seu colapso durante a corrida.
Quarenta e oito anos depois, nos 17ºs Jogos Olímpicos, em Roma-1960, o ciclista dinamarquês Knud Enemark Jensen morreu na prova de 100 km contrarrelógio por equipes. Um dos quatro ciclistas do time abandonou a prova no início por insolação, o que sobrecarregou o trio que permaneceu na competição. Mesmo sentindo tonturas, Jensen tentou seguir pedalando mas caiu, bateu o crânio na calçada e, levado para atendimento de emergência, não resistiu.
O treinador dos ciclistas dinamarqueses relatou ter administrado diversas substâncias que atualmente seriam consideradas doping aos atletas, mas o laudo oficial registrou morte por insolação. A história levou o Comitê Olímpico Internacional (COI) a estabelecer testes antidoping a partir dos jogos da Cidade do México-1968.
Houve outras mortes fora de competição, mas durante o período dos Jogos. As mais trágicas ocorreram em Munique-1972. Em 5 de setembro, oito integrantes do grupo pró-libertação palestina Setembro Negro invadiram os alojamentos de Israel e sequestraram 11 membros da delegação - cinco atletas, quatro treinadores e dois juízes. Os invasores exigiam a libertação de 200 prisioneiros palestinos em Israel e um avião para fugir.
O saldo foi sangrento: 17 mortos, incluindo os 11 israelenses sequestrados, cinco terroristas e um policial alemão. O atentado ficou conhecido como "Massacre de Munique" e virou filme: Munique (2005), dirigido por Steven Spielberg.
As outras mortes envolvendo atletas ou treinadores olímpicos fora de competição, mas dentro do período de Jogos, são as seguintes:
- O esgrimista francês Edmond Brassart, participante de Paris-1900, morreu no desabamento da Passerelle des Invalides, ponte temporária construída para a Expo Mundial, realizada no mesmo ano na capital francesa;
- O boxeador romeno Nicolae Berechet morreu três dias após sua última luta em Berlim-1936. Suspeita-se que a morte tenha sido decorrente dos golpes que levou;
- Também em Berlim-1936, o piloto de planador austríaco Ignaz Stiefsohn, morreu na colisão de sua aeronave durante um treino. A modalidade era um esporte de exibição na ocasião;
- Em Londres-1948, a ginasta checa Eliska Misáková contraiu poliomielite e morreu no último dia do evento, data em que a equipe da qual fazia parte faturou o ouro olímpico;
- Em Melbourne-1956, o remador italiano Arrigo Menicocci morreu em um acidente de carro, quatro dias após ter encerrado sua participação nos jogos;
- Em Sydney-2000, o corredor nigeriano Hyginus Anugo, reserva no revezamento 4x400 m, morreu atropelado. Por algum motivo até hoje não esclarecido, o atleta, que tinha o voo de volta para a Nigéria marcado para o dia 4 de setembro, permaneceu na Austrália e morreu no dia 7 do mesmo mês.
- No Rio-2016, o técnico de canoagem alemão Stefan Henze, atleta medalhista de prata em Atenas-2004 no slalom C-2, morreu em um acidente de trânsito a bordo de um táxi.
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