É verdade que havia categorias artísticas nos jogos olímpicos?
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É verdade que havia categorias artísticas nos jogos olímpicos?
Pergunta de Thales Molina, de Cabaceiras (PB)
É verdade, caro cabaceirense. Entre Estocolmo 1912 e Londres 1948, foram sete edições das Olimpíadas com artistas competindo por medalhas. Eram cinco modalidades - arquitetura, literatura, música, pintura e escultura - e as obras deviam ser inspiradas no esporte.
A ideia de aliar cultura com competições atléticas foi do criador dos jogos olímpicos da era moderna, o barão francês Pierre de Coubertin. Estava tudo programado para as competições artísticas estrearem em Roma 1908, mas a falta de dinheiro dos organizadores atrapalhou a avant-première.
Em Estocolmo 1912, os organizadores não estavam lá muito empolgados com a ideia, mas cederam aos apelos do barão. Os participantes também não se animaram e houve somente 35 inscritos. O torneio só foi levado a sério mesmo na terceira tentativa, em Paris 1924. Foram 193 trabalhos enviados, incluindo os de três artistas soviéticos que não enviaram ninguém para competir esportivamente.
Em Amsterdã 1928, o número cresceu para mais de 1.100 competidores. O sucesso seguiu em Los Angeles 1932 - com mais de 380 mil visitantes conferindo as obras no Museu de História, Ciências e Arte da cidade - Berlim 1936 e Londres 1948. Apesar do sucesso crescente, as artes deixaram de estar no programa olímpico porque a maioria dos competidores era considerada profissional em seus ofícios, ferindo o ideal de amadorismo presente também nas modalidades esportivas.
Embora nenhum artista de renome mundial tenha sido campeão olímpico nas artes, jurados como a sueca Selma Lagerlöf, primeira mulher laureada com o Nobel de literatura (1909) e o músico russo Igor Stravinsky, emprestaram seu brilho às competições.
O Michael Phelps das artes olímpicas foi o pintor luxemburguês Jean Jacoby, com dois ouros (Paris 1924 e Amsterdã 1928). E houve um campeão olímpico nos esportes e nas artes: o americano Walter Winans, levou ouro no tiro em Londres 1908 e na escultura em Estocolmo 1912 (nesta edição, faturou também a prata no tiro). O nadador húngaro Alfréd Hajós também merece destaque: ele venceu duas provas na natação em Atenas 1896 e, 28 anos depois, levou a prata na arquitetura pela coautoria do projeto para um estádio olímpico em Paris 1924 (em parceria com o compatriota Dezsö Lauber).
Para completar a lista de medalhistas ilustres nas artes, temos o próprio Barão de Coubertin, ouro em literatura em Estocolmo 1912 com o poema Ode ao Esporte - antes que acusem o criador dos jogos de marmelada, ele competiu anonimamente, assinando a obra sob pseudônimo duplo de Georges Hohrod e Martin Eschbach.
Ah, e o país mais vencedor nas Olimpíadas artísticas é a Alemanha (7 ouros, 7 pratas e 9 bronzes), seguida pela Itália, (5/7/2) e pela França (5/4/5).
Setenta e seis anos depois de Londres 1948, uma centelha de arte brilhará novamente nos jogos: em Paris 2024, cidade-natal de Pierre de Coubertin, o break, dança acrobática do movimento hip hop, será uma das modalidades olímpicas - já teve aquecimento nos jogos olímpicos da juventude em Buenos Aires 2018. Se liga:
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