Desde jovem, Gianetti Sena se dividiu entre os papéis de advogada, mãe e atleta da marcha atlética. Ela foi a primeira a ganhar uma medalha pelo Brasil na modalidade, no Campeonato Íbero-Americano de Atletismo em 1996. A paixão pelo esporte a motivou a fundar, ao lado do marido e também técnico João Evangelista de Sena Bonfim, o clube Caso (Centro de Atletismo de Sobradinho), no Distrito Federal.
Assim que encerrou sua carreira aos 44 anos, Gia (como é conhecida) se tornou treinadora do próprio filho, Caio Bonfim, que representará o Brasil em Tóquio. Ela ainda tentou seguir no direito ao mesmo tempo, mas acabou optando por se dedicar somente ao esporte.
"Sempre falo que comecei com uma brincadeira com o Caio, porque meu marido dava treinos de manhã, e meu filho só poderia praticar à tarde. Como tinha o conhecimento, embarquei de vez no mundo dos treinos. Troquei meu salário de R$ 60 mil por uns 6 mil, porque treinador não ganha nada e como advogada eu ganharia", brinca Gia.
Gia e Caio estão em busca da primeira medalha olímpica da marcha atlética para o Brasil — na Rio-2016, eles ficaram em quarto. A treinadora é uma gota em meio ao oceano de técnicos masculinos no esporte olímpico. Às vezes, mesmo com a experiência de 30 anos, ela fica sem jeito quando chega em competições e não encontra nenhuma outra mulher.