Liam, você nasceu em um ano de pandemia, complicado. Um ano em que o mundo parou. Ainda bem que você nem vai para a escola ainda, porque crianças de 2, 3 aninhos estão em casa, vivendo de forma bem diferente, sem contato com amiguinhos. Digo para você que foi um ano muito triste, mas teve um lado bom para mim, que foi o adiamento da Olimpíada de Tóquio 2020. Assim, consegui acompanhar a gestação da sua mãe - principalmente os últimos dois, três meses, que é quando dá aquela evolução no bebê -, e depois o seu nascimento. E, agora, seu primeiro ano. Se fosse uma temporada normal, com certeza perderia boa parte dessa convivência. Então, a pandemia me trouxe isso: em um momento tão delicado, bem triste para todo mundo, tive um lado bom.
Era um domingo, aquele 13 de setembro de 2020. E de noite, umas nove e meia... Eu e sua mãe Jéssica já não esperávamos você, para falar a verdade. Porque vai chegando naquela retinha final, a gente acorda e fala: "Putz! Será que é hoje?". Aí vai, está acabando o dia, e não, não é. Aí, de novo: a gente acorda: "Será que é hoje?" E não, não é... Naquele domingo, já tarde, eu falei: "Não vai ser hoje, mas do fim de semana que vem não deve passar...". Foi quando a Jéssica sentiu uma coisa diferente, um leve sangramento, bem levinho. O médico tinha dito que no caso de qualquer sangramento era correr para o hospital. "Então, vamos para o hospital. Agora!".
Sou tranquilo, mas dessa vez eu fiquei nervoso, viu, filho?! A gente pegou tudo que já tinha deixado preparado, só estava faltando umas coisinhas ou outras, um documento... A Jéssica, sua mãe, lembrou: "Precisa do comprovante de residência". E eu: "Que comprovante de residência! Mulher, você está tendo um filho e quer saber comprovante de residência?! Vamos embora, vamos para o hospital logo. Depois, eu volto para casa, caso precise, pego essa porcaria". E ela: "Mas precisa!". "Não precisa nada!" Coloquei ela no carro e aí começaram as contrações, ela dizia que eram bem fortes. "E eu: Deus do céu! O que foi?!" O hospital, em São Caetano do Sul, era perto de casa, uns 15 minutos, ainda mais de noite... Fomos rápido. Mas as contrações eram cada uns três minutos - de novo, de novo... E a cada uma meu coração dava aquela acelerada!
Na porta e já fui dizendo: "Minha esposa vai ter filho!". A médica plantonista fez o exame, viu a dilatação, ligou para o médico, voltou e disse que a cesárea estava marcada para as 10 da noite. "Mas 10 da noite é daqui 15 minutos, moça! Não, calma, também não é assim, não!". Daí foi aquele procedimento todo e você nasceu, Liam. Com 49,5 cm, 3,505 kg. Era 11h09 da noite. Acompanhei cada momento, vi você saindo da barriga da sua mãe... É uma sensação única. Chorei muito, um choro de felicidade, de alegria. Porque é aquela expectativa. A gente via sua imagem no ultrassom em 3D —hoje é tudo muito avançado, não é?... Mas quando nasceu... É aquela coisa mais linda, e choro para todo lado!