A ideia de realizar uma Olimpíada em casa passava pelo objetivo de tornar o Brasil uma potência esportiva. Não um Estados Unidos, uma China, claro, mas um país em condições de ocupar, no quadro de medalhas, uma posição equiparável a sua importância na economia e na geopolítica mundial.
Pela segunda edição seguida dos Jogos, esse desempenho foi alcançado. Com sete medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze, o Brasil fecha os Tóquio-2020 na 12ª colocação, a duas posições da Itália e duas à frente de Cuba, brigando medalha a medalha com o Canadá. Hoje, os brasileiros olham o quadro de medalhas e não precisam sentir inveja de nenhum país menor ou mais pobre. Não há Noruegas, Etiópias, Repúblicas Checas ou Romênias na nossa frente.
Mas isso significa que o Brasil se tornou, afinal, uma potência olímpica? A resposta é não.
"Temos que caminhar muito ainda. Ser caracterizado como potência exige muito mais do nosso sistema. Requer o esporte ser valorizado na sociedade, exige outro reconhecimento do valor do esporte para uma sociedade. O sistema esportivo do Brasil ainda é um sistema esportivo em construção. Precisamos estimular o número de praticantes, que é muito pequeno", reconhece Jorge Bichara, diretor de Esporte do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e dirigente mais diretamente ligado ao resultado esportivo em Tóquio.
Com alguns poucos limões, uma contradição para um país tão grande e tão populoso, o Brasil fez uma deliciosa limonada no Japão. As metas colocadas pelo COB foram batidas, assim como já haviam sido no Pan de Lima, em 2019, quando o Brasil bateu todos seus recordes. Mas ainda há um longo caminho para o Brasil percorrer para chegar ao lugar onde deveria estar.