Em 2016, Michelle Lenhardt assumiu o cargo de treinadora do nadador e marido Bruno Fratus por obra do acaso. O casal vive nos Estados Unidos e o técnico do brasileiro, Brett Hawke, não pôde mais acompanhá-lo nas competições. Em meio ao turbilhão de emoções após o resultado na Rio-2016, veio mais essa e Fratus entrou em depressão —hoje, ele admitiu que pensou até mesmo em suicídio. Michelle foi a peça fundamental para ajudá-lo a se reerguer.
"Foram cinco anos desde o Rio lidando com essa inquietude, com essa ansiedade... Dois meses depois do Rio, eu estava na pior depressão da minha vida, considerando sumir completamente da face da terra, se é que vocês entendem, de vez. Fui salvo pelo amor dos meus pais, fui salvo pelo amor da Michelle, fui salvo pela amizade e pelo amor do Brett (Hawke). Menos de seis meses depois do Rio, estava decidido que eu iria arregaçar em toda e qualquer competição que aparecesse até Tóquio", falou Fratus.
"A gente está junto há quase dez anos, mas foram cinco anos desde que ele precisou de mim na borda da piscina", disse Michelle. Eu falei: 'Vamos lá, vamos em frente, vamos ver o que a gente vai conseguir'. Isso aconteceu quando ele perdeu tudo, depois daquele resultado, entre aspas, infeliz, na maneira do público enxergar, mas foi quando eu falei: 'Peraí, não acabou ainda'. E ele falou o mesmo. Eu tenho mais para dar e a gente resolveu ir até 2017, ver o que acontecia nos Jogos Mundiais. A gente construiu a praça. Resultado muito expressivo. Depois do Mundial de 2017, a gente decidiu. OK. Vamos até os jogos, por que não? Então, a medalha foi construída desde novembro de 2016. Quando estavam os dois no tapete da sala, chorando sem saber o que ia ser do futuro".
Foi a melhor coisa que aconteceu na vida e na carreira de Fratus. O casal foi se adaptando e conciliou as relações marido/ mulher e atleta/treinadora. A reconstrução da depressão foi o ponto baixo de onde ele se reergueu para se tornar o gigante de hoje.
"Subi no pódio em todas [as competições desde que conseguiu lidar com a depressão]. A que eu não subi no pódio foi porque eu me estourei treinando, fui vítima da minha própria vontade, da minha própria força de vontade. Sempre querendo puxar água mais forte, querendo carregar mais peso, sempre querendo aguentar 100 mil metros a mais no treino. Sempre querendo dormir uma hora a mais. Não dando mole em alimentação e dieta. Porque em todos os episódios da minha carreira, a coisa sempre se resumia a uma pergunta: você quer ganhar ou quer perder?"
Prevenção do suicídio - Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.