A relação entre a judoca Fabiane Hukuda e o Brasil começa antes mesmo de ela nascer: tem início a bordo do navio Hakata-Maru, em Yokohama, no Japão. Foi de lá que, em 1930, partiu a família do bisavô paterno da atleta, Ryokichi Fukuda, em direção à chamada "nova Terra Prometida". Do mesmo porto, no mesmo ano, a família do bisavô materno de Fabiane, Shintaro Kosako, embarcou para o mesmo destino.
O vínculo da esportista com o país se solidifica por meio do judô, esporte em que a mãe de Fabiane, Marisa, teve êxito quando a família chegou a São Vicente, no litoral de São Paulo. Ela se tornou faixa preta na modalidade, servindo de exemplo à filha, que, aos oito anos, competiu pela primeira vez. Aos 15, Fabiane já havia ido a uma Olimpíada —como reserva da equipe brasileira— e, aos 19, se tornou a primeira mulher brasileira a vencer uma competição mundial no judô, o Mundial Júnior de 2000, na Tunísia.
Hoje, longe do esporte, a relação a que a ex-judoca se dedica é a de reencontro com o país de origem de seus antepassados. Terapeuta holística e benzedeira, coloca em prática os ensinamentos do avô japonês, que deixou a ela uma cartinha com as palavras usadas por ele para benzer, escritas em português e japonês.
Em entrevista ao UOL Esporte, Fabiane relembra a frustração ao ter tido sua vaga vendida por politicagem nas Olimpíadas de Sydney-2000, o dia em que entendeu que era hora de parar no judô e os tantos recomeços desde a aposentadoria. O que importa, ela afirma, é a solidificação do contato com o Japão em todas as modalidades que ousou praticar.