Mais que um simples salto em altura, Aída dos Santos deu um salto rumo à história nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Já se passaram 57 anos e ela continua em atividade: dá entrevistas, fala sobre o seu pioneirismo no campo feminino, denuncia o racismo, é homenageada e vive intensamente os seus 84 anos. Quando sobra tempo, joga vôlei com as amigas no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
"Só não tenho jogado muito porque estou com uma dor no braço, nos bíceps", vai contando Aída, em uma de suas vindas a São Paulo. No hotel onde ficou hospedada para o evento, ela surgiu elegante, como sempre, com o sorriso no rosto iluminado, a mente cheia de detalhes sobre sua grande façanha esportiva: o quarto lugar no atletismo, nos Jogos de Tóquio. Se você estranhou a viagem de Aída para São Paulo e o encontro presencial, calma. A primeira entrevista foi feita ainda antes da pandemia.
Em ano de olimpíada, a agenda de Aída fica lotada. Todos querem saber como foi ter sido a única mulher na delegação brasileira de 68 atletas que competiu na Olimpíada de 1964; como foi entrar sozinha no Estádio Nacional, sem técnico, sem psicólogo, sem orientação e buscar um glorioso quarto lugar no salto em altura, atrás de lendas do esporte como a romena Iolanda Balas.
O atletismo ainda é o primo pobre do esporte nacional, imagine então como foi naqueles tempos. Eu, uma mulher, pobre e negra."
Imaginem, também, que na época em que ela fez isso as mulheres tinham ainda menos voz ativa e os homens também estavam amordaçados pela ditadura...