Eu estava casada havia sete anos com o José Victor Oliva quando engravidei. Dei a notícia que ia parar com o basquete. Aí, curti tudo: roupinha, fazer o quarto... Quando nasceu o João Victor, começaram com aquela história: "Você tem de voltar a jogar. É Olimpíada!"
A Olimpíada era a de Atlanta, em 1996. E eu fiquei com aquilo na cabeça.
Quinze dias depois de ter o João, coloquei uma esteira dentro do meu quarto. Tirei os pontos da cesariana e no outro dia comecei a caminhar e correr, caminhar e correr. Com um mês, conversava com a CBB [Confederação Brasileira de Basquete]. Todo mundo me pressionando. Fiquei praticamente dez meses parada, sem fazer nada, meu médico superpreocupado com a história de eu não perder o filho...
Quando convocaram a seleção, fiz um acordo com o técnico, o Miguel Ângelo da Luz: "Se você achar que tenho condições de ir e jogar como titular, eu vou. Porque não vou terminar minha carreira no banco de reserva, jogando sem ter condições. Tenho uma imagem. Vou treinar e se você achar que consegui chegar a pelo menos uns 80% do que sei jogar, eu vou. Vamos trabalhar nisso?"
Eu fiquei pensando assim: nosso time tem chance de ganhar uma medalha, já pensou se eu não vou e o time ganha? Fiz parte dessa história, do progresso da seleção, ajudei a equipe a chegar lá. Eu mereço ganhar também. Não ia me perdoar se perdesse essa medalha olímpica.... Então voltei.
Foram cinco meses difíceis. Cheguei a uns 75-80%.