As previsões meteorológicas previam que o último dia de provas da canoagem nos Jogos Olímpicos de Tóquio seria de chuvas, mas com uma breve janela de tempo bom. Quis o destino que essa janela acontecesse justamente quando Isaquias Queiroz entrasse na água para conquistar sua primeira medalha de ouro olímpica. Nesta madrugada (no Brasil), ele conquistou o título do C1 1000, o primeiro da canoagem brasileira e o quinto ouro do Brasil na Tóquio-2020.
A ciência exata dos japoneses já mostrava, em gráficos, que uma nuvem pesada passaria sobre o canal Sea Florest, de água salgada, exatamente entre a semifinal e a final do C1 1.000m. Mas quem acredita em forças que vão além da ciência pode encontrar outra explicação por esse céu aberto para Isaquias.
A ajuda extra pode ter vindo de Iemanjá, a rainha das águas, porto seguro do esporte brasileiro, que só em Tóquio já conquistou quatro medalhas no mar. Antes, Martine e Kahena, Ana Marcela Cunha e Ítalo Ferreira foram campeões na vela, nas maratonas aquáticas e no surfe.
Mas havia também a vontade de Jesús. No caso, o espanhol Jesús Morlan, o técnico que revolucionou a canoagem brasileira, fez de Isaquias o primeiro brasileiro a subir três vezes no pódio olímpico na Rio-2016 e, antes, o primeiro brasileiro campeão mundial da modalidade (em 2013).
Foi para Jesus que Isaquias fez a promessa de que seria campeão olímpico. Antes da morte do mentor, em 2018, no Brasil: o espanhol foi diagnosticado com câncer no cérebro e, meses depois, não resistiu. Morreu em 11 de novembro de 2018, em Lagoa Santa, Minas Gerais.
Sem as nuvens entre o céu e a Terra, ficou mais fácil para Jesús ver seu pupilo brilhar.